Minha amada Morte

Que estupidez dizer que algo nos pertence.

Não há sequer um grão de areia ou uma gota d'água que possa ser, de fato, nosso. Mesmo nos dias de hoje (ou de sempre), em que tudo é capitalizado, tudo necessita de um ''dono'' e de um preço. Sinto dizer, mas não há comprador ou dinheiro que pague por isso que (não) temos, somos visitantes de uma grande casa abandonada.

A única coisa que realmente possa nos pertencer se chama egoísmo, o mesmo famigerado egoísmo que construiu impérios enquanto cerceava a vida de homens que lutavam em prol da manutenção de ideologias que lhe eram desconhecidas. Só ele traz essa sensação de pertencimento e é ele que ofusca a visão dos tolos, falo destes pobres ricos tolos, que são privilegiados em vida e creem que dominam o mundo, quando dominam as pessoas (desprivilegiadas).

Este é o momento de reconhecer que somos posse e não possuidores. Os que pensam ser herdeiros, na verdade, são filhos de seus prazeres, e os outros, que não podem comprar estes mesmos prazeres, são irmãos dos primeiros.

Mas ainda assim, mesmo nos últimos segundos de quase morte, desejaremos um pouco mais de quase vida, pra não perder o costume de querer um pouco mais. Nós pertencemos ao mundo, mas o contrário não é verdadeiro.

Quézia Meira
Enviado por Quézia Meira em 01/11/2015
Reeditado em 17/01/2016
Código do texto: T5434380
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