Porque não como animais

Sou espírita e, há alguns anos, tornei-me vegetariana. Calma, nada a a ver uma coisa com a outra. O espiritismo não prega que devemos parar de comer carne. Na verdade, prega o livre-arbítrio: cada um faz o que quer e aguenta as consequências. No pentateuco (as 5 obras escritas por Allan Kardec), não existe condenação ao fato de os homens consumirem a carne de seus irmãos animais. Mas existem muitas obras espíritas incentivando a prática do vegetarianismo e do veganismo. Argumenta-se que essas ditas obras não foram escritas com a rigidez científica que Kardec imprimiu ao livros que escreveu, o que é verdade, por óbvio.

Pesquisando um pouco sobre o tema, parei num blog que dizia exatamente isso, o que, como sói ocorrer em textos que permitem comentários dos leitores, levou a uma enxurrada de opiniões divergentes e algumas agressões na defesa dos respectivos argumentos (bem parecido com certas mídias sociais, não?). Uma das leitoras fez um comentário que me pareceu tão sensato que resolvi reproduzir aqui. Disse ela: "Caríssimos: não adianta querer expor fatos e argumentos para aqueles que ainda não compreendem os motivos, principalmente o moral, que levam um vegetariano a fazer essa opção. Como é que vamos discutir isso com quem pensa que trucidar um animal seria um ato tão grave quanto o de arrancar um pé de alface da terra? É uma discussão desgastante e que nos levará a nada. O Espiritismo não nos diz o que fazer ou não. Ensina que nós temos o livre-arbítrio e agimos de acordo com o nosso nível de elevação moral. E a cada existência, pelas nossas experiências passadas e presentes, vamos caminhando rumo à evolução. E nesse percurso, "cada inteligência (...) só recebe da verdade a porção que pode reter" (Entre a terra e o céu - André Luiz/FCX). Os ensinamentos do Espiritismo não estacionaram no pentateuco Kardecista e as obras que vieram posteriormente não contradizem a doutrina, que propõe a busca da verdade, não pela fé cega, mas pela fé raciocinada, pois não é só religião: é ciência e filosofia. Se em pleno século XXI, diante de tantas provas científicas, muitos ainda se dispõem a ridicularizar o vegetarianismo, o que seria da Doutrina se ela o defendesse em pleno século XIX? Certamente é porque o ser humano, de uma maneira geral, não estava (e ainda não está!) pronto para entender a necessidade dessa mudança. Mas tudo tem seu tempo. No processo educacional não há saltos. A verdade é uma só e ela chega para cada um de maneira e em tempos diferentes. Ainda temos tantas outras más inclinações das quais precisamos nos livrar que, deixar de comer carne não seria o mais importante (mas isso não é uma desculpa)." (Ariane)

É isso. Acho que temos muitas tendências ruins a combater em nós, a fim de nos aprimorarmos moralmente. Somos orgulhosos, arrogantes, vaidosos, invejosos, materialistas, fofoqueiros, maledicentes, enfim, o rol é bem extenso. Eu escolhi não compactuar com a indústria da dor e da morte impostas aos animais. Não é fácil. Cresci comendo carne. Hábitos são difíceis de mudar. Mas eu acho que é bom para a minha caminhada evolutiva. Pra minha, veja bem. Cada um continua tendo a liberdade de fazer como achar melhor.

Paz e bem!
Rosa Pinho
Enviado por Rosa Pinho em 03/11/2015
Reeditado em 03/11/2015
Código do texto: T5436322
Classificação de conteúdo: seguro