Falar dos outros nem sempre é fofoca

Eu gosto muito de questionar as coisas. Sempre odiei ser a vaquinha do presépio. Nada contra as vaquinhas, até as acho muito simpáticas. Mas a ideia de aceitar as coisas sem indagações sobre o porquê nunca me desceu muito bem. Devo ter sido revolucionária em uma outra existência. Nessa não, que nasci zen demais para isso. Sou questionadora, mas sou da paz. Mas sempre gostei de ser a “advogada do diabo”, de perguntar porque as coisas eram feitas de tal maneira e se podia fazer de outra. Tipo chata mesmo. rsrs

Recentemente, encasquetei com uma afirmativa que sempre ouvi falar, mas que nunca havia parado para pensar melhor acerca de. Sabe essas coisas que as pessoas falam, você escuta, concorda e segue seu caminho, mas, depois, fica pensando, peraí, como é que é aquilo mesmo? Então, foi isso: dizem que é feio falar dos outros. E eu vou falar de quê? De futebol? Da novela? Do trabalho? Tirando o clima, quase todos os assuntos envolvem pessoas! Vivemos cercados de pessoas. Interagimos com pessoas o dia inteiro, seja na vida real ou através das mídias sociais. Impossível não falar de pessoas! É normal, é humano, é salutar falar dos outros. Mesmo que você comente com alguém que não gosta de uma outra pessoa, não é nada de mais. Não é ruim, não é fofoca, não é pecado. Você está falando dos seus sentimentos, que, no caso, envolvem sua relação com a tal pessoa. Falar "sobre alguém" é muito diferente de falar "de alguém" à toa. Quando você fala sobre fatos que aconteceram entre vocês, é um desabafo, uma narrativa, uma conversa que, por acaso envolve uma outra pessoa.

O ruim é falar com intenção de causar mal, de fazer intriga. Se você tenta convencer o interlocutor de que a tal pessoa não vale nada, para que ele abrace sua causa, aí fica feio. Você tem todo o direito do mundo de não gostar do fulano. Mas deixe que cada um forme seu próprio juízo de valor sobre ele. Seu “santo” pode “não bater” com o dele, mas o de outra pessoa pode. Normal. Afinidades e antipatias. 

Uma vez, ouvi um exemplo muito elucidativo. Digamos que duas vizinhas se encontram no corredor do prédio e uma diz pra outra: "Você sabia que a fulana adotou um cachorrinho?". Isso, num tom normal, de quem só está contando um fato, uma novidade. Agora, suponhamos que, neste prédio, seja proibido ter animais. E a vizinha diga a mesma frase, mas num tom de voz sussurrado, como quem conta um segredo. O quadro mudou completamente, não é mesmo? 

Portanto, falar sobre outras pessoas pode, viu, gente? Pode até falar mal, mas do mal que ela te causa, do seu sentimento por ela. Sem tentar influenciar. Se o interlocutor for uma pessoa inteligente, vai saber que toda história tem 3 lados: o lado A, o lado B e o que realmente aconteceu.  

Mas nunca, nunca, nunca mesmo fale do que você não viu com seus próprios olhos ou ouviu com seus próprios ouvidos. Você pode ter ouvido da boca da melhor pessoa do mundo, mas é opinião de terceiro. Escute e guarde.
Rosa Pinho
Enviado por Rosa Pinho em 14/11/2015
Reeditado em 14/11/2015
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