Eu odeio seu dinheiro

Hoje eu prometo falar de coisa séria. Prometo. Aliás se você não sabe eu sou muito sério. Talvez nem tanto assim, mas sou, pelo menos um pouco, juro. É que não dá pra ficar só criticando e criticando senão você acaba acumulando muita coisa. Por isso pare de criticar e comece a brincar um pouco mais. Se importe menos e tenha uma vida mais saudável.

Mas sem desviar do assunto eu vim aqui para, deixe me ver, o que era mesmo? Ah sim, criticar. Na verdade eu escrevo apenas para poder refletir. Costumo dizer que meu cérebro só sabe o que vou dizer mesmo quando escrevo. Talvez por isso eu goste tanto. Não só de criticar, mas de questionar as coisas. Eu preciso disso, e acho que todos deveriam fazê-lo. Ajuda muito. Agora sim, prometo parar de rodeios e entrar logo no assunto.

Eu sempre me questiono porque neste país existe tanta briga entre classes sociais. Talvez não seja só aqui, mas sei que, por aqui isso é nítido. Quem não tem, briga com quem tem por que ele é playboy, rico, ou classe média esnobe. E quem tem, sente que quem não tem está afundando o país votando em partidos populistas que costumam beneficiar e privilegiar quem não tem. Acho que você deve querer gritar comigo e dizer,” Poxa vida porque você não dá nome aos bois, fala logo o nome do partido ou diga logo que é a classe isso, a classe aquilo...”. Dane-se. Isso é muito irrelevante. As coisas podem mudar, mas as ideologias e brigas serão as mesmas.

O que eu quero dizer é que deveríamos pensar de forma diferente. Eu nasci e fui criado em uma família muito simples (aliás tenho de parar de repetir isso), então frequentei escola pública minha vida toda, e me deparei com inúmeras situações em que, as pessoas que não tinham poder aquisitivo, diziam ofensas das mais variadas possíveis aqueles que tinham melhores condições. Como se fosse bonito neste país ser pobre. Então, se você enriquece trabalhando duro e quer comprar algo que sempre sonhou, você não pode. Porque você é “playboy”, e isso é vergonhoso. Nós temos vergonha de termos dinheiro porque isso significa ser opressor.

Por quê? Porque estamos tão acostumados em sermos roubados pelos nossos políticos que achamos que todo mundo nesse país é ladrão. E se por acaso você enriquecer com alguma ideia criativa e ser ousado o suficiente para montar uma empresa, saiba que, provavelmente você terá alguém olhando torto para você e dizendo baixinho “aquele ali é ladrão para ter tanto dinheiro”.

O que as pessoas não entendem é que essa cultura da pobreza e o anti-enriquecimento nos atrasa não só socialmente, mas economicamente. Por isso que é tão difícil você ter uma empresa no Brasil. Por isso que é tudo tão burocrático e taxado. Por que eles não querem que você cresça economicamente. Querem que você esteja lá dependendo deles. Pagando horrores para parecer que eles te dão as coisas, quando na verdade, você sempre as conquistou por mérito próprio. Até quando vamos odiar a ascenção daqueles que querem uma vida um pouco melhor, e não querem mais depender do governo? Até quando?

O governo não te dá nada, aliás, por aqui você recebe bem menos do que deveria. Seu dinheiro a eles pertence. Sua casa a eles pertence. Sua vida a eles pertence. Quanto tempo mais iremos brigar entre nós, enquanto eles, curtem tranquilamente com nosso dinheiro? Não importa a classe, nem se você trabalha pra alguma empresa ou é dono de uma. Somos todos brasileiros. Não existe povo. Porque povo é uma palavra usada por políticos para designar uma quantidade gritante de alienados. Nós somos uma nação. Nós somos todos iguais e apanhamos juntos. E apanharemos muito até finalmente percebermos isto.