Barra Mansa, alô Barra Mansa!!!

Dia destes assistindo a novela Eterna Magia, da Globo, a personagem de Malu Mader ficou super nervosa porque havia pedido uma ligação há horas e está ainda não estava completada.

Esta cena me fez relembrar quando vim morar em Volta Redonda e um dos primeiros contrastes que senti, já que tinha vindo da capital, era a questão da telefonia.

Para se ter idéia em 1966, quando vim morar aqui, e até 1971, 1972, ter telefone em casa era um luxo desfrutado por muitos poucos, mas muitos poucos mesmos na cidade do Aço. Alguns tinham, mas eram muito raros. Quem quisesse fazer ligação para outras cidades precisava ir a um posto onde a demora poderia chegar até mesmo há 4 horas.

Lembro-me que na minha casa que a CSN cedeu para meus pais não havia telefone, mas podíamos usar o do vizinho que por ser funcionário da linha de produção da empresa tinha um telefone de ramal que permitia fazer ligações para outros ramais localizados em casas. Isso, em parte facilitava a vida da gente. Se não fosse assim tínhamos que ir a alguma unidade da empresa e pedir para ligar. O pessoal até era legal e deixava.

Mas, para ligar para o Rio, se não me engano, só havia a alternativa de ir ao Hotel Bela Vista onde trabalhavam três telefonistas. Uma delas esqueci o nome, mas duas me lembro e espero que estejam vivas: dona Maria e dona Anita. Dona Maria era brava e pouco dava de conversa. Mas, a dona Anita, esta sim era legal. Baixinha, era de conversar comigo as outras crianças que iam acompanhadas de seus pais. O título deste artigo é em homenagem a ela, que em uma mesa cheia de pinos coloridos, ficava insistindo com a telefonista de Barra Mansa para completar a ligação para o Rio. É isso mesmo, para se fazer à ligação esta ia para Barra Mansa para depois seguir para o Rio. Porque isso não sei até hoje, mas era assim que acontecia.

No início dos anos 70 a CTB – Companhia Telefônica Brasileira – fez um plano de expansão e muita gente passou a ter o telefone em casa, mas as demoras continuaram até mesmo a década de 80, quando a Embratel implantou o DDD e as coisas ficaram melhores.

Ainda da década de 80 lembro de um amigo meu que para falar com a namorada que morava em Minas, pedia a ligação às 4 da tarde, para poder falar as 8. O pior de tudo era quando a ligação caía. Aí era mais um suplicio, mas isso é outra história que quem sabe um dia eu conto.

Fernando de Barros
Enviado por Fernando de Barros em 01/07/2007
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