Enganaram-me
Quer dizer que aquele velhinho de barbas bem branquinhas e muito longas, sentado num trono enorme, com um cajado na mão direita, em algum lugar, lá nas alturas do céu, cuja idade abarcava todos os tempos, que, um dia, enfiaram na minha cabeça e disseram que era deus, é mentira? Então, não é verdade que ele, lá das de suas alturas, via e sabia tudo, vigiava cada uma de suas criaturas aqui em baixo e determinava tudo o que cada uma podia fazer e que quem ousasse infringir alguma de suas regras, por mais insignificante que fosse, seria severamente castigado, inclusive com as labaredas eternas, lá nos cafundós do inferno? Foi tudo mentira?
Puxa! Como me enganaram! Quantas travessuras gostosas deixei de praticar, por medo de que o velhinho achasse que eram pecado e me despachasse para os quintos!
Como minha infância foi aterrorizada!
Agora e isso já faz algum tempo, me garantiram que não é nenhum velhinho de barbas brancas, que não tem cajado nem trono, mas existe e é Deus, sim; que é infinitamente bondoso e sempre dá uma nova chance ao filho descuidado. Será que é assim mesmo?
Mas, então, onde Ele vive? Como Ele é? O que faz? Tu sabes?