A lendária Central do Brasil

Famigerada Central do Brasil! perfiladas de sem-número de tipos humanos. No entorno massa popular começa a" sair pelo ladrão", a transbordar pelas ruas, quando sequer o sol despontou o dia.

Oh central dos pedintes! Dormitório a céu aberto dos enjeitados, onde os calçadões os acolhem no chão imundo. Sob a atmosfera exala-se a urina fétida a impregnar-se pelo ar. Ah praça Procópio Ferreira! bem ali se faz toda o dia uma apoteose do trabalhador ,logo após atravessarem as pistas e transparecer um aspecto ofegante, muitos de semblante ainda sonolento.

Quantos sons distintos emanados do arranque dos carros, das buzinas e do motor dos ônibus. Temos também enraizado no cotidiano a Central dos vendedores os quais parecem disputar no grito a atenção dos transeuntes, cada qual buscando seu espaço, ainda que à custa da poluição visual na paisagem urbana com suas barracas(camelôs).

Essa central típica dos cariocas fervilha a espontânea vida dos anônimos. O charlatão, a mulher-da-vida, o fiscal, o mendigo e etc. Quantas criaturas dignas de admiração ou repulsão aglomeram-se ocupando com suas fisionomias e distintas necessidade as cercanias desse afluente lugar. E perceber-se então que, a miscigenação existe contundente.

O povo abusa, explora e prolifera o coloquialismo que trouxeram do berço familiar humilde genuinamente da periferia. Quão democrático és a Central do Brasil - o coração da informalidade laboral e interpessoal. Sendo assim uma "plataforma humana" a fomentar a vida, sobretudo aqueles que lutam em prol de sua dignidade. Porque muitos precisam por ela passar a fim de chegar a um destino final e cumprir mais um dia a impreterível missão de "ganhar a vida". Para tal arregaça-se as mangas, no afã de conseguir ser pontual e fiel a seus propósitos, num já calejado espírito de sobrevivência.

De tempos e tempos surge toda espécie de meliantes inclusive os mirins!!! Como gostam da vulnerabilidade dos idosos e descuido do mulheril com suas bolsas e joias que, por mais modestas que sejam merecem a interceptação rápida e violenta do jovens. E o policiamento....

apenas cumpre seu rotineiro papel "secundário" fazendo figuração no espaço local. Os pivetes "brincam" de roubar e esbaldam-se afrontando a ordem pública.

E os Pobres bilheteiros devido à demanda do dia, sequer podem "tomar fôlego" ou "piscar os olhos", as catracas das estações de trem e metrô, incessantemente se movimentam febris, numa repetição a cansar a retina de quaisquer um que por ali esteja.

Como não mencionar a rua Barão de São Félix, bem atrás da Central. Bendito caminho a quem vislumbra itinerário opcional à Baixa fluminense; ao passo que lá encontra-se o terminal rodoviário Américo Fontnelle (homenagem a um importante coronel - que foi atuante na seara política).

O que pode ser por demais perigoso aos que cruzam a pé o túnel o qual desemboca ao bairro Santo cristo(fronteiriços a favela da providência), que por sua vez, faz vizinhança com zona portuária, região anos e anos em feição geográfica deplorável em sua arquitetura agonizante e esteticamente carente de infraestrutura urbana.

Reconhecidamente instigante, inspirante e vasta fonte de matérias-primas para crônicas, reportagens filmagens cinematográficas - Walter Salles - que o que diga, em seu filme homônimo - ,pois há sempre o exótico, o popularesco, os incidentes, as falhas de planejamento urbano e porque não a explícita DENÚNCIA SOCIAL. Também cenário de um comício histórico do então presidente Jango que mudaram crucialmente os rumos do regime político no Brasil - pois mudou sobremaneira os rumos do regime político no Brasil culminou com a eclosão da ditadura militar meses depois!-nos .

Por tudo já supracitado: - A central do Brasil protagoniza as entrelinhas deste que vós escreve ou pelo menos tentar através do esboço, da ênfase em breve relato um pouco de sua relevância histórico-cultural na vida do cidadão carioca.

Alex Melloh
Enviado por Alex Melloh em 25/12/2015
Reeditado em 28/06/2022
Código do texto: T5490944
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