Café e trabalho.

Bebi café. Andei de um lado para o outro tentando escrever, acharam me louca, afinal estou em uma biblioteca bebendo café e andando. Chega de café. Chega de andar. Concentre e leia. Uma página, duas, na terceira já entendi que o aborto é algo relacionado a placa de proibido comer na biblioteca, que se relaciona com a capa dura daquele livro vermelho lindo, na terceira prateleira do lado esquerdo da minha mesa. Acho que não estou entendendo. Começo a pensar em beber mais café, mas lembro que tem me dado azia. Acho que tenho bebido muito café. Chega de café.

Escrever. Isso, decido escrever. Sobre o que? Não consigo pensar em nada. Talvez sobre como meus dias tem sido longos. Aliás, gosto de dias longos. Parece que consigo produzir o dobro. Será possível, que ao invés disso, eu esteva mais lenta, por isso o dia mais longo? E na verdade eu produza o mesmo, mas em menor velocidade. As vezes acho que o tempo me deixa louca. Ou talvez eu já seja louca, e o tempo apenas uma desculpa. Justificando minha loucura. Com o tempo. O tempo, me deixa louca. Louca de brava, louca de feliz, louca de preocupação. Sou louca. O tempo passa.

Mais café. Droga, a azia. Café, mais café, que se dane a azia. Volto a andar, pensando nas palavras do meu trabalho. Aborto. Aborto. A professora poderia ter passado um trabalho menos polêmico e complicado. Mas já que temos de fazer, que seja bem feito. Aborto. O que aconteceria se eu tivesse sido abortada? Bom, eu não estaria aqui, bebendo café e escrevendo besteiras. Nem teria trabalhos para fazer, vida para viver. Eu não teria vida. Obrigada mãe, por não me abortar. E se ela fosse abortada? Minha família não existiria.

FOCO! O trabalho. Acho que agora tive algumas ideias para o trabalho. Não, passaram. É sempre difícil para mim fazer trabalhos. Escrever, me concentrar. Vou escrever. Sobre o trabalho. E se existisse um mundo paralelo onde pudéssemos conhecer nossas vidas, ou falta delas, e o impacto disso? Será que seria muito diferente a realidade se não existíssemos? Ou será que nossa existência é insignificante?

Fui longe nesse devaneio. Mais café. Agora sim, vamos ler. Escrever. Sobre o trabalho. Aborto. Aborto. O que escrever? Bebi café.