“COMBATA A POBREZA, MATE UM UM MENDIGO”

O planeta está em convulsão, pessoas descartáveis amontoam-se uma sobre a outra, o mundo liquido como escreve o sociólogo Zygmam Bauman parece estar à beira do cataclisma. Não se trata de profetismo, mas de realismo. O titulo deste texto visa provocar, e a provocação é o começo da mudança. Estou lendo o escrito de Eduardo Galeano, As Veias Abertas da América Latina, livro de extrema importância se desejamos entender a dominação dos países pobres pelas grandes potências. Com efeito, a pobreza sempre foi a pedra de tropeço para os grandes latifundiários, os grandes empresários etc. Os países desenvolvidos como Estados Unidos da América alimentam-se da miséria dos subdesenvolvidos, parece-me ser os ditos “Estados civilizados” uma espécie de parasita, ou sanguessuga aquele protozoário que se utiliza da vitamina de outras pessoas ou ser, para continuar a viver. Podemos pensar nestes territórios como os vampiros da modernidade, isto porque são eles que minam as forças produtivas da América Latina. De outro lado, somos doutrinados pela direita e pela esquerda, ambas possuem filosofias diferentes, mas a priori podem ter dentro dos bastidores muitos pontos em comum. Em contrapartida, nos dias atuais, parte da população brasileira, tem se posicionado em defesa de uma possível intervenção militar, a de se registrar a insanidade dessas pessoas, o povo iludido por uma mídia (há diversas formas de mídia) perversa e elitista, infere a premissa de que: havendo intromissão bélica no país, este “galgaria dias de glórias”. “Insanidade”. Somente aqueles que vivenciaram os tempos de cólera, isto é, de tortura e repressão dos anos de chumbo podem falar com propriedade e autoridade de tal fenômeno. Muitos jovens, nas redes sociais defendem a ideia da volta dos militares, outros tão bestas quanto aos promotores de tal idealismo abraçam a ideia do separatismo paulista. Desmembrar São Paulo do resto do Brasil. Essa visão é típica de pessoas fundamentalistas, arrogantes sem senso critico e parcos de entendimento. Suponhamos a volta dos coronéis ao poder, o que aconteceria? Como escrevi, o pobre é a pedra de tropeço para os defensores do capital. Havendo intervenção, em uma possível eleição de um Hitler chamado Bolsonaro, a camada pobre, os jovens ostentadores de sua rebeldia sem causa, os funkeiros, os negros, os manos e por último os mendigos da sociedade liquida seriam a meu ver exterminados. Sim, exterminados pelos “Bolsonaros” da vida. Contudo, hora e outra me ponho a refletir sobre a supremacia das oligarquias, isto por conta da politica anti-pobre presente em nosso país: o Brasil. Lembro-me do slogan de uma candidata a presidente, o slogan era: um país (rico) sem miséria é um país sem pobreza. Isso parece óbvio se não fosse uma falácia. Não basta erradicar a pobreza a miséria sempre existirá, explico: na medida em que as pessoas se sente superiores, as demais continuariam a presenciar bolsões de desigualdade e miséria, neste sentido, pode ser a meu ver, mais subjetiva do que financeira. Recordando o que escreveu o autor Galeano e seu livro As Veias Abertas da América Latina: combata a pobreza, mate um mendigo, escrevo agora: combata a ignorância, para sermos de fato um país de todos, combatam a hipocrisia para se erradicar a desigualdade, combatam a intolerância para podermos dialogar. Parece-nos ser pertinente a eliminação de pessoas indesejáveis, sujas e desnutridas, alcoólatras, drogados e sem dignidade, “acho até um bem necessário, se o desejo for eliminar a desigualdade tendo como mote as patricinhas e os playboys das grandes metrópoles”, porém esta foi a politica adotada por Hitler na Alemanha. Estaria o Brasil rumo ao destino nazista? Não se o povo buscar conhecer a raiz das alegações dos pseudos políticos, bem como dos falsos formadores de opinião. No mundo liquido, as pessoas (como escrevi) se amontoam nas filas em busca de emprego, de saúde, educação, de qualidade de vida, entretanto, a mesma não contempla a totalidade da população apenas parcela da sociedade. Enfim, no mundo americanizado e explorado pelo capital os mendigos, as pessoas sujas, cagadas e fedidas nada representam, apenas o retrocesso econômico da nação. Acabem com a pobreza, matem os pobres, as velhas e as putas, matem os negros e os indigentes. Desta forma, a elite além de limpar a sociedade, coisa que já o faz na surdina da noite, dormirá tranquila em suas camas largas de lençóis sedosos e perfumados, uma vez que os “cristos” indesejáveis foram para o lugar de onde não deveriam ter saído: os infernos. Todavia, talvez o inferno não exista de fato, ou melhor, em um plano metafisico, mas existe com certeza no mundo invisível em que habitamos, na liquidez de cada segundo, segundos de existência desprovido de segurança, ética e valor. No planeta, ou nação regido pela intolerância e egoísmo, onde a morte do mendigo nada significa apenas a limpeza das vias públicas, e a indiferença daqueles que aos domingos na missa das nove oram a Cristo pela paz universal, desde que esta não os importune, talvez este escrito nada signifique apenas o lamento de um desesperado e utópico professor.

Beto Filo

BetoFilo
Enviado por BetoFilo em 30/12/2015
Código do texto: T5495022
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