Mensagens que edificam - 134

Na sequência do raciocínio lógico, das tragédias sociais a religião é a maior de todas elas. A idiotização causada pela busca incessante de uma explicativa conceptiva de tudo que existe e a necessidade imposta no decorrer da história por estas respostas, criou no subconsciente das pessoas uma ideia de que quem não abraça este contexto está em falta com algo que, para as sociedades, é parte do comportamento natural. Quando eu falo desta maneira não atribuo aos religiosos ausência ou baixo quociente intelectual, mas os dogmas e os preceitos doutrinários acabam por moldar o modus operandi do ser, e o que vemos daí, por consequência, são as disputas por espaço e conquista do maior número possível de pessoas, considerando que o desejo do adepto é que todos cheguem ao mesmo entendimento que ele. Assim como o ecumenismo é a utopia mais torpe tentada pelos chefes e líderes espirituais, também a apresentação de uma divindade desenhada como a singular e única, uma vez que cada um tem o seu rascunho próprio do seu deus, o que é traduzido por antropomorfização, pois a ideia que fazem deste deus é que ele tenha o formato de um homem e não de um gafanhoto, pelo menos em quase todos os casos, salvo excessões absurdas onde esta expressão mental de como seja é transferida para formas como vacas, ratos, macacos e outros. Mas em suma o que se conclui é que em qualquer caso não é o criador que nos criou primeiro, ou para que isso acontecesse foi necessário que antes ele fosse criado por um mero mortal. Neste momento entra em cena a fé, a capacidade ou a irresponsabilidade de tratar relatos mirabolantes como alguma coisa oriunda do além, que nem se sabe se é o aquém. Há os que tratem disto como outra dimensão, mas seja lá o que for qualquer explanação sobre este assunto terá origem num personagem que é apresentado como o profeta, o sacerdote, o emissário, o iluminado, que tem contato direto com o transcedental e este passa as diretrizes que a humanidade deve seguir. Não estou aqui para condenar ninguém pelos seus atos, mas posso por direito avaliar a incoerência e as discrepâncias na exibição destes deuses através de seus arautos. O sagrado e o profano se confudem nesta miscelânea de informações ou de desinformações, considerando que quanto mais se tenta explicar mais se confunde, e se alguém procura interagir nesse meio se utilizando apenas de recursos racionais, este é imediatamente excomungado sob o pretexto de que este tema é para ser tratado apenas pelos supostos espirituais. Nas multiformes manifestações de divindade, cada qual tem a sua conduta ditada lá no passado por um guru, que, enquanto em vida ou depois de morto foi até transportado por um andor, manifesto que está no DNA da raça humana este vício por um ritual, e o julgamento que sem isto se pode caracterizar abominável ateísmo. Mas fica a pergunta: o que é mais abominável, o não admitir uma divindade ou a anarquia e o fanatismo em que se transformou a prática destas manifestações de fé?

Lael Santos
Enviado por Lael Santos em 04/01/2016
Código do texto: T5499858
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