Eram 7 horas da manhã, de um dia ensolarado, propício para encontrá-lo.
Peguei o uniforme de saia pregueada que minha mãe havia passado muito bem, minha blusa branca engomada e minha gravatinha que compunha o uniforme. Levei tudo pro banheiro e de lá, depois de um banho com sabonete perfumado, saí vestida, penteada e com uma leve maquiagem.
O ônibus já estava me esperando quando deixei o edifício onde morava.
Meu coração já estava se acelerando, minhas mãos suavam e a excitação de vê-lo me deixava cada vez mais ansiosa.
Quando entrei na sala ele me cumprimentou com um aceno de cabeça e aquele sorriso que me deixava desconcertada.
A aula começou e eu não conseguia prestar atenção. Só via ele, meu professor adorado.
Ele era moreno, olhos verdes, um metro e oitenta, mais ou menos, e devia ter uns 25 anos. Eu apenas 9. Será que ele esperaria eu crescer? A minha paixão por ele eu tenho certeza de que só aumentaria.
Hoje, 40 anos depois, eu o encontrei. Gordo, barrigudo, com os cabelos brancos e uma camisa mal passada.
Tive vontade de chorar. Será que ele ficou assim por causa do desgosto de me perder? Tive que acompanhar meus pais me mudando para outro estado.
Aos 9 anos eu pensaria que sim. Aos 49 tenho certeza de que não.
edina bravo
Enviado por edina bravo em 08/01/2016
Reeditado em 11/01/2016
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