SOBRE COMO A VIDA(ou o tempo) PASSA....

Uma noite destas acordei, sem motivo aparente, o sono se foi, e os minutos, as horas estavam de um cumprimento enorme. Parecia que um minuto demorava, horas e as horas tinham o tamanho de um dia. Neste momento comecei a pensar sobre a Teoria da Relatividade de Einstein. Eu leio sempre algo sobre ela. Sou apaixonado por ela. Quero entender, mas não me entra pela cabeça. Só me parece que ele queria dizer prá nós leigos o que passo a relatar a seguir:

Estes minutos que me pareciam horas e as horas que me pareciam dias, porque eles estavam tão longos? E aquelas horas que a gente passa em frente ao computador, navegando, brincando porque parecem tão curtas? Na fila do banco e esperando a vez no dentista, quão longos ou curtos são os minutos. Esperando o almoço com fome. O dia do pagamento do salário. Que diferente o tempo se comporta. E o pagamento do aluguel, nem parece que se espera o mesmo do salário. E os 30 dias de repouso da esposa quando ela tem criança. Parece uma eternidade...E no hospital quando se está internado ou quando se acompanha um ente querido doente...

Neste momento em que escrevo estas linhas faço as contas: o que fiz durante estes meus quase 57 anos, ou quase 20.000 dias ? Só sei que tenho esta idade quando vou fazer algumas tarefas que exigem juventude ou quando me olho no espelho. Lembro-me de alguns momentos esporádicos. Quando leio sobre as distâncias: 10 anos luz, 200 aos luz, 10 mil anos luz, a extinção dos dinossauros; 60 milhões de anos, o Big-Bang, 15 bilhões de anos.

Às vezes fico no quintal de casa á noite observado as estrelas: Aldebaran, Alfa-Centauro, Ofiúcio, Três Marias, Cuzeiro do Sul, elas estão tão distantes. O que terá por aqueles mundos? Algumas que vemos talvez já não existam mais, a sua luz demora tanto tempo pra chegar aqui.

A cena que mais me impressiona é quando lá de cima nos vem a imagem da terra: azul, linda maravilhosa, solta no espaço, alguns meses se inclina para o norte e noutros para o sul, nos proporcionando as estações do ano e a natureza nos dá chuva, flores, frutos...

Quão frágil somos. Fazemos parte de um sistema e não nos damos conta da nossa tarefa. Quando temos um irmão passando fome, sem casa, sem roupa, sem escola, ele também faz parte. Se ele está fraco uma parte disto também enfraquece. E neste momento a parte fraca está maior que a forte. Está em desequilíbrio. A violência está tomando conta da humanidade. Algo está pedindo socorro. De uma maneira estranha, mas está. Temos que dar ouvidos.. Dê uma olhadinha de onde vem este pedido. Não é dos bairros dos abastados. É do morro, da favela, da periferia, da pobreza... Eles querem comida, moradia, escola, emprego, respeito...

Talvez de lá de cima, um ser vivo também esteja vendo aquele planeta do sistema solar lá bem longe, e faça a mesma pergunta. Que resposta podemos dar a eles? Que somos uma civilização avançada. Ter Internet, TV por assinatura, TV de plasma LCD, Celular,etc. entre outros avanços tecnológicos que eu não conheço. É realmente o que a maioria da população terrestre necessita?

Quando vejo a manchete: Ataque da OTAN mata 45 pessoas, dentre elas 25 civís. Vê o valor que eles dão as pessoas. Estes civis poderiam ser: eu, você, um filho, a nossa mãe, pai, um amigo...mas para a mídia vira somente mais um número.

Ai entra a relatividade, talvez não a do Grande Cientista, mas a nossa. Olhe, ou pense no valor que estas pessoas teriam, ou têm ... em vez dos números... O que você, eles, eu, fizemos: resumido em apenas estatística de guerra... Seriam boas notícias para darmos aos extraterrestres?

E aqueles acontecimentos do Rio de Janeiro? As pessoas passando entre os bandidos e os policiais, bem na hora do tiroteio... que coisa terrível!

Será apenas isto que viemos fazer?

Não podemos ser apenas coadjuvante, neste filme. Queremos e temos o direito do papel principal. Mas para que isto aconteça, temos de lutar com as nossas armas: o amor, a dignidade, o caráter, a honra...