Acabou

É, é isso. Depois de tanto tempo investido, esperado, vivido, passado, passou. Abruptamente, eu escrevo para você com a maior firmeza que tive nos últimos meses: acabou. Escrevo porque, embora tomada a decisão, não confiaria em meus olhos te olhando. Inegavelmente, meu coração amoleceria. Voltaríamos à estaca zero, recomeçaríamos dali, um novo relacionamento com duas novas pessoas. Mas, por quanto tempo isso perduraria? Soube, durante meus gritos silenciados da insônia, que as pessoas não mudam. Não pelas outras, mas por elas mesmas. Talvez isso implique em estarmos separadas, em fazermos isso sozinhas, cada uma com sua maneira de lidar com as adversidades dessa vida.

Dói desacostumar, dói sentir falta, dói lembrar, dói esquecer. Dói perceber que é real. Eu não saberei mais como foi o seu dia, não farei a menor ideia das coisas pelas quais você chorou e riu, não marcarei mais nossos encontros de domingo, não discutirei mais sobre o quão estressante nossas conversas estavam e não lembrarei do quão difícil era ficar esperando uma mensagem sua. Eu não saberei mais do teu sabor, da tua pele e a quem pertence sua morada. Eu não lembrarei mais do teu jeito retratado naquela música ou da sua cor favorita pincelada no preto e branco dos meus dias, até que finalmente não lembrarei mais do som da sua voz. E aí eu vou te esquecer e me sentir como se nunca tivesse me apaixonado, como se nunca tivesse te conhecido antes.

Mas é uma estrada longa de pedra. Porque, embora o término de uma relação seja uma espécie de morte em vida, a gente chega do outro lado vivo. É complicado, mas passa. E quem não amadurece assim, nunca amadurece em nada. Diga que sou covarde porque desisti, mas talvez as palavras de Caio Fernando de Abreu se fazem de verdade absoluta quando penso que, de fato, desistir foi o meu maior ato de coragem. Pessoalmente, quero te ver sorrindo quando tudo passar. E quero que eu esteja sorrindo em te ver por finalmente tudo ter sido passado para o papel e tido sua página virada.