PODERIA ESTAR MATANDO...

Sempre que ouço essa bobagem. Poderia estar matando, roubando, mas estou aqui........, enfim, uma lenga lenga sem fim, tenho vontade de dizer:

_ Ei, não poderia não, primeiro por não ter coragem sequer pra trabalhar como todos os outros aqui, e depois por saber ser muito mais fácil ficar aí se fingindo de coitado, então, como você mesmo diria. Vaza!

Devo ser mesmo uma pessoa dura. Não me convence esta história ridícula, mesmo porque, geralmente é usada em lugares onde as pessoas estão indo ou voltando do trabalho.

E se todos nós resolvêssemos matar, roubar, etc.? Não ia dar certo. Enquanto uns têm a capacidade de trabalhar, outros têm a de iludir.

Vontade de tomar as moedas da senhora que deu a um vagabundo seus parcos vinténs,

ACORDA! Já somos enganados diariamente quando pagamos muito mais pelos serviços básicos – através dos impostos absurdos, e não nos são entregues.

Mas tenho que me calar sob pena de ser massacrada junto com meu salto alto dentro do ônibus, e diga-se que quando entrei já me olharam torto como quem diz:

_ O que essa perua tá fazendo aqui?

Será que não posso simplesmente utilizar transporte “público”?

OK. Caladinha, mesmo contrariada vou seguindo para meu destino.

Apenas observo quando entra uma senhora com um bebê de colo e outra criança agarrada na saia. Ninguém vai levantar?

Claro que apenas a perua aqui cede o lugar, e vai no salto até o fim.

Freadas bruscas, mas agora, só agora percebi, o motorista quer me derrubar mesmo. Se ferrou, quando calço um salto é alto o suficiente pra dizer:

_ Ninguém me derruba.

Cheguei, e apesar de vocês acharem que nunca ando de ônibus, é uma rotina pra mim.

Cinthya Fraga
Enviado por Cinthya Fraga em 23/01/2016
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