Morra de amor

O problema sempre é o tema, pois assunto eu tenho. Mas é difícil começar a falar coisas engasgadas como um grito preso. Mas hoje eu vou pôr para fora, deixar desnudo um pouco de mim, e quem sabe talvez sentir-me um pouco mais leve.

Então deixe lhe fazer uma sugestão, ponha os fones de ouvido procure no youtube pela banda 4 Non Blondes, pela música “What's Up? ”. Ponha para tocar bem alto. Pronto, posso continuar?

Você se sente diferente das outras pessoas, não é mesmo? Você possui muitas verdades e uma ética inabalável, não entende como os outros não consegue enxergar o quão óbvio são suas decisões e o motivo de todas elas. Não suporta contrariem suas escolhas e sente-se julgado, perseguido, incompreendido. Em dado momento decidiu que não mais seria vítima do sistema, mas lutaria contra o preconceito, contra a incompreensão. Falaria na cara, não ia deixar barato, gritaria para que todos ouvissem. Esmurraria até entrar na cachola de toda essa gente tola as verdades que empurrou goela abaixo e te sufocaram por tanto tempo. E agora se acha mais forte e mais razoável do que nunca.

Olhe para o lado, essa pessoa tão oposta a você, a quem você julga um bostinha por ter pensamentos tão antiquados, que não conseguiu se libertar do sistema opressor como você, essa pessoa se sente tão enquadra as linhas do parágrafo a cima quanto você, e na verdade, ao te olhar agora, está pensando o quanto bosta você é. O que você vê como libertação, ela vê como modinha. O que você vê como revolução, ela vê como manipulação. O que você vê como originalidade, ela vê como uma tentativa patética de autoafirmação. E ela, ela agora se acha mais forte e mais razoável do que nunca.

Sabe o homem na arquibancada? Aquele sou eu. Pouco tenho a afirmar, aprendi cedo demais que todas as pessoas são perseguidas, todas são martirizadas, manipuladas, castradas e principalmente atiradas umas contra as outras. Não sabem de onde vieram e nem para onde vão, não fazem ideia de quem vem lá. Eu também não sei. Mas elas, elas estão tão certas de suas certezas, tão dominadas por suas arrogâncias, são de ética tão inabalável, tão imersas em seu cotidiano de desforra que perderam a compreensão do que é ser humano. Os mais despertos, que lúcidos, olham a ruína em que vivemos apenas conseguem balbuciar, “O que está acontecendo? ”.

Não somos vítimas. Eu não sou vítima, você não é vítima. Somos os carrascos. Somos o juiz e o executor das penalidades que ditamos movidos por banalidades. Só temos direitos. É a era dos direitos! E os usamos, os nossos direitos, para caçar nossas bruxas e fazer a inquisição sob nossos anátemas. E fazemos por que podemos, apenas por que podemos. E fazem conosco, por que podem mais do que nós, apenas por que podem mais do que nós. E todos, sem exceção, ao fazerem se acham mais fortes e mais razoáveis do que nunca.

Sem esperar reciprocidade, seja gentil com seu inimigo, educado com todos aqueles que te acham um bosta por ser apenas diferente. No momento da retaliação, envie flores. “Se não puder ser gentil, pelo menos tenha a decência de ser vago” . Tome suas decisões motivado pela justiça, não pela vingança. Nunca espere gratidão. Sempre é bom repetir, NUNCA ESPERE GRATIDÃO. Não se acovarde diante das injustiças alheias. Faça isso. Por que você não é o dono da razão, você não é dono nem de si mesmo, nem do seu futuro. Assim como eu, você toma as suas decisões torcendo para que tenham sido as mais acertadas! Eles sangram como você, e por mais bostas que possam ser, há alguém que os amam e que sofrem com o sofrimento deles. Sente-se aqui do meu lado e assista o jogo da vida e no momento que for chamado para jogar tenha apenas uma certeza, o amor é sempre a melhor resposta. Então ame com toda a força que puder, até que seu coração pare e possam dizer de você: "morreu de amor."

Edson Duarte
Enviado por Edson Duarte em 29/01/2016
Reeditado em 29/05/2016
Código do texto: T5527466
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