Ponta-de-lança asmático

Dia desses escrevi uma maltraçada sobre os apelidos dos jogadores de futebol do interior, enfatizando que adoro ouvir pelo rádio as narrações dos jogos interioranos. O grande cronista e excelente contador de causos, Roberto Rego, de Minas Gerais, leu e fez um comentário inndicando a leitura de uma crônica sua sobre o assunto intitulada "Efeitinho". Procurei, achei e li. Pra que fui fazer essa besteira? A primeira reação foi de inveja. Pensem na inveja que este negro do beição sentiu ao ler a crônica de Roberto! A segunda foi outra baita inveja, Roberto foi grande centrefó (é assim que chamamos o comandante de artaque), era goleador e chutava com os dis pés mesmo sem ser clássico, o craque do tiome dele era o incrível "Efeitinho", o cão chupando manga.

Ri paca com o penalti que Efeitinho bateu, o goleiro pegou, mas depois a bola quicou por causa do efeito e foi para as redes. Tive que usar a bombinha. Mas o pior é me lembrei dos meus tempos de jogador de futebol. Eu era ponta-de-lança, meia direita, camisa oito, um atacante cansado, asmático,paradão, que só jogava no máximo 30 minutos, mas às vezes com vinte já pedia substituição porque naquele tempo não havia a bombinha. Ficava parado no bico da frande área adversária, me fazendo de morto, nao nem precisava, economizando fôlego, tinha que aproveitar um só pique, uma corrdida de uns 15 a 20 metros, só uma. Então um amigo meu, um meia-esquerda que era io craque do time e muito amigo meu no momento exato vendo que eu estava sozinho rolava a bola com açúcar e com afeto bem nos meus pés, eu então conyrolava a respiração, ficava respirando bem devagar, e marchava pra cima do beque, sabia driblar, se desse o drible no sujeito fazia a solitária corrdida com a bola até a pequena área e disparava a cafôfa (o chute era fraquíssimo), mas colocado, quase sempre fazia o gol, o problema era vencer o beque. Depois cadê fôlego pra voltar para o centro de campo, ficava fora detrás da arra adversária e quase sempre era substituído. Tinha mais um detalhe: eu não cabeceava, nunca cabeceeei, tinha o cabelo liso e botava Gumex ou Fixador Juvenia. Pode um atacante que não cabeceia?

Fiquei me lembrando dessa fase, durou pouco, ficava constrangido,sabia que não prozia para o grupo, sótiha mesmo umajogada solitária que podia dar ou não resultado, a corrdinha de 15 ou 20 metros. Mas lembro com carinho essa fase. INté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 08/02/2016
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