Povo do interior!

Viajei pra o interior no fim de semana, coisa bacana viajar e rever amigos e parentes.

Foi muito divertido, eu acho que quando as pessoas tem dinheiro elas deveriam viajar mais, elas deveriam ajudar o próximo. Se eu fosse bastante rica iria viajar sempre, iria ajudar muita gente, pq entre um quadro caríssimo, entre bolsas de grife milhares de sapatos e roupas eu ia preferir gastar ajudando pessoas realmente necessitadas, sempre pensei assim desde menina. Muito embora a gente ou muda ou deixa o dinheiro corromper, não sei, mas não gostaria de mudar, gostaria de continuar com esse pensamento caso algum dia tivesse bastante dinheiro.

Minha sogra é uma pessoa divertidíssima, eu já tive "pega pra capá" com ela antes porque eu era uma pessoa muito fina, me zangava com tudo e foi preciso passar uma provação muito dura pra ver o quanto tudo era pequeno, o quanto eu fazia tempestade e o quanto deixei de ser feliz e de conviver com as pessoas por ser melindrosa. Quando finalmente descansei de todas as provações e dessa em especial Deus operou e está tomando um caminho.

O certo é que aprendi a não dar muita importância as coisas, palavras e principalmente porque quando envolve família de marido ou esposa você tem que aprender a conviver bem, e se eles não forem sábios você tem que ser porque não se pode afastar a familia do marido principalmente mãe.

A senhora é uma doidinha engraçada e hoje me arrependo de não ter ficado bem com ela a tempos , isso só aconteceu a cerca de 3 anos e ela saiu muito contente de casa com nossa amizade, e ai eu vi que dependia mais de mim e de ser tolerante.

Estávamos reunidos na mesa esperando o almoço quando ela pôs o feijão pra ferver e veio conversar, quando percebemos o feijão tava queimando e ela soltou essa "Arre, vão conversar na casa da desgraça" deixei meu feijão queimar e ai rimos todos inclusive ela.

Saímos a noite pra ir na casa do outro filho e ao chegar havia um carro de outra cidade estacionado na garagem dela que impediu de pormos o nosso. Ela já desceu xingando ,11 horas da noite e chamando os vizinhos pra saber de quem era o carro e amaldiçoando eu ria, eu ria que chorava , olhou dentro do carro mas o vidro era super fumê e não conseguimos saber de quem era nem onde estava o dono, tivemos que deixar o carro fora mesmo.

As sete da manhã ela ouviu um barulho e foi abrir a porta xingando porque a porta não abria: "abre peste" (povo pra gostar de xingar igual no interior não existe, eles xingam brincando na maior naturalidade. Quando abriu a porta saiu ela e minha mãe, outra figura. E ai ela começou: ei, ei descarado porque você tomou minha garagem, não tem vergonha não? cara de pau da gota e o rapaz dizia: o que, o que, o que? tirando onda porque ele tava ouvindo bem kkkkkkkkkk saíram sem dar satisfação . Minha mãe entrou dizendo pra minha filha- Maiara, era tão bonitinho o que tava dirigindo e o outro também, não sei quantos tinha mas os da frente eram bonitinhos e ai minha filha, poxa! devia ter esvaziado os pneus porque enquanto a vó brigava eu paquerava kkk e a minha sogra, eita peste devia ter esvaziado os 4 pneus pra ele largar de ser safado, vagabundo e eu tava ligando de ser bonito? Passamos o dia rindo . A farra dos rapazes foi boa porque só chegaram dia amanhecido, mas as duas volta e meia acordaram pra olhar se o carro ainda estava lá kkk

Minha sogra chegou na sala certa hora e perguntou: cadê Maiara, ta na casa do "caraio" e minha filha responde: se a casa do "caraio" for sua sala... e ela ri , ela mesma ri das loucuras dela!

Minha mãe sente saudades imensas do interior e principalmente da feirinha, saímos cedo porque ir com ela é motivo de risos na certa. Achou um jaca e quando soube o preço ( 5 reais) foi logo dizendo: e não faz mais barato não? O dono _ não minha senhora, então fique com sua jaca... Achou uma de 4 reais bem maior e foi logo perguntando se fazia 3, o dono, não minha senhora já ta bem barato e ela pois então parta ai e limpe, ele partiu e limpou, é uma cara dura tão grande que não dá pra não rir.

Anda de bengala por causa da perna, mas quando chega na feirinha ela anda muito bem. Quando íamos por as coisas no carro não encontrávamos mais ela, já estava longe e minha filha disse que ia colocar um pisca pisca nela porque só assim pra achar.

Ela bate boca mesmo na feira reclamando dos preços, esculhamba, não tá nem ai kkk

Estávamos lá de boa quando um cara chamou outro , "me ajuda aqui rapaz" o outro demorou um pouco e ele, " fio do cabrunco me ajuda aqui". No interior é assim, eles xingam na maior, cada frase um xingamento.

Toda vez que chego lá minha sogra diz que estou mais gorda e o povo inteiro que encontro me diz que estou magra rsrsrs

A rua da minha infância não é mais a mesma porque morreram quase todos , era uma rua em que todos os dias se reunião na porta, pra conversar ou fofocar , mas agora ela é triste, não se vê mais as crianças brincando nem os Pais na calçada , minha mãe não mora mais lá . Me deu uma nostalgia e me arrependo de não ter curtido mais todos eles porque eram gente boa, gente simples mas que ajudavam qualquer um, estavam sempre sendo solidários.

Nunca pensei que iria sentir tanta saudade daquele tempo, porque hoje, até lá, já está tendo violência , já está rolando muita droga.

No tempo em que morei lá dormíamos de porta aberta, ia pra roça andando as seis da manhã e voltava a noite sem nenhuma preocupação, ainda hoje sinto o cheiro do gado, do mato.

Saudades das cocadinhas que meu pai biológico fazia e as frutas tiradas do pé, nós éramos felizes e não sabíamos.

Meu pai biológico mora lá na roça, só assiste jornal e é bem informado, bom de conversa. A saúde é de ferro, nunca teve doença grave e labutou na roça por muitos anos. Até hoje aos 84 anos vai pra rua de bicicleta e volta, vai lá bater papo com os amigos, parentes, todos os dias. Só usa mais remédio caseiro. Pessoa linda meu pai. Meu pai adotivo faleceu em novembro do ano passado,uma pessoa excepcional também.

Cris Victor
Enviado por Cris Victor em 16/02/2016
Reeditado em 16/02/2016
Código do texto: T5544922
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