SE FOR PARA AMAR, AME ATÉ O FIM.

A velhice é uma doença.

É chocante, mas é a verdade.

Se não é a doença em si, ela é cercada de.

Os telefones não mais tocam, a não ser os urubus de plantão para saber se alguma desgraceira efetivou-se. É sempre uma curiosidade mórbida. Quando algum mal se abate sobre o velho, todos dizem: “ Coitado! “ Mas não era isso que esperavam depois de tantos telefonemas perguntando se o fulano está bem?

Quando desencarna, eles (os urubus de plantão) dizem: Estava tão lúcido e cheio de saúde ainda! Hipocrisia...

Quando está acamado e fenece, dizem: Morreu lutando. Mentira! Os médicos o dopavam contra a sua vontade, seu desejo era o de ter partido há algum tempo.

E é sempre assim. Já estava invisível há muito tempo. Estava fora de moda.

Vê se pode, o velho não sabe usar o computador, não tem facebook e “uatzap”. Não vai mais ao shopping e nem gosta de funk. Ultrapassado!

Seus netos quando o visitam não puxam mais conversa, pois estão ocupados nos seus modernos celulares comunicando-se com outros. O velho está ali observando, mas é como se não estivesse. Para que visitar então?

E aí o velho quer ficar só, mesmo parecendo ranzinza.

O velho parou no tempo e este lhe pesa.

A “deprê” bate e ele tenta disfarçar.

Já notou que os netos já crescidos e encaminhados na vida, raream nas visitas. Conforma-se.

Nota que os filhos, já bem maduros e quase idosos, estão cansando ao lhe cuidar, e já o fazem mais por obrigação do que por amor. É um tiro no peito perceber isto. Então só lhe resta um caminho: Demenciar. É pirando de vez que a dor acaba (a dor da alma).

E aí fica tudo bem. É como tomar dez “rivotril” por dia, nada mais lhe afeta. Viverá mais feliz, perguntando repetidamente que dia é hoje, quem é você.

Você ficará triste por que o velho não te reconhece. Ele não.

Mas aí já é tarde.

Para você...