O SUSSURRO DO VENTO

Adepto das atividades esportivas, tenho por hábito, ao menos duas vezes por semana, sair para dar uma pedalada pela capital mineira e, às vezes, por cidades do entorno.

Tanto Belo Horizonte, quanto a maioria das cidades de minas têm relevos bem acidentados (muitos aclives e declives).

Quando estou pedalando por uma reta ou por uma subida, o vento se mantém quase inerte, em estado de letargia. Praticamente não sinto a sua presença. Por outro lado, ao iniciar uma descida, percebendo que a velocidade é mais aceitável, aí o vento dá as caras, ou melhor, assopra vigorosamente. A impressão que me dá é que o vento gosta de velocidade, muita velocidade. E quanto mais veloz eu me movimento, maior a sua vibração em meus ouvidos.

Então, procurando mantê-lo por perto, a me refrescar e a me incentivar, faço com ele um pacto: “você me manipula e eu me mantenho incentivado por sua vibrante presença”.

Pacto firmado, pedalo com todas as minhas energias, ao mesmo tempo que os seus sussurros vão ficando cada vez mais fortes em meus ouvidos, refrescando-me e energizando-me.

E assim mantemos a nossa “aliança”, até que o declive acabe ou que algum obstáculo impeça momentaneamente o nosso mutualismo.

Rafael Arcângelo
Enviado por Rafael Arcângelo em 29/02/2016
Reeditado em 23/08/2016
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