Ser mais ou menos

Essa semana tem, definitivamente, a segunda-feira mais odiosa de todas. Talvez ódio seja uma palavra muito forte, então escolha a definição que você quiser, mas, para mim, ela ta muito chata. Chata ao ponto de me perder em algumas reflexões consideravelmente importantes.

Uma delas é sobre como nós estabelecemos nossas prioridades. Aliás, tudo a ver com a palavra felicidade. Sim, pois dependendo das nossas escolhas, seremos mais ou menos felizes. Mas isso pode depender muito.

Certamente, muitas pessoas dão preferência à uma vida de status. Transparecer aquilo que deseja ser. Não necessariamente ser, mas se possível, seja. E seja o melhor sempre. Seja sempre o alto padrão, o melhor vestido, o graduado na melhor universidade, enfim, muitos querem ser mais. E com isso, creio eu, tornam-se menos.

Por outro lado, tem aqueles que preferem ser menos. Talvez por falharem demais em ser mais, tornam-se escravos do tanto faz. Escolhas já não são feitas. Tudo é padrão. Está bom assim, para que mudar?

Entre os que querem ser grandes, e os que aceitam ser pequenos, estão os que escolhem não ser. Porque ser, pode significar deixar de viver. Quando você aceita qualquer emprego, ou quando faz qualquer coisa para ter o emprego dos sonhos, você esta sendo. Está agindo conforme o padrão para a sociedade atual. Ou você devora ou é devorado.

Por isso, quem não escolhe nenhuma dessas opções, opta por viver. Não só dando sentido as coisas, como também, escolhendo a felicidade como seu caminho. Não importa se medicina, direito, ou outras dessas clássicas profissões são respeitadas e bem remuneradas. Se você escolher ser professor em um país onde a educação é pouco estimulada, e os responsáveis por ensinar mendigam um salário muito abaixo do que deveriam receber, você está mudando o mundo. Está fazendo a sua própria revolução.

Aliás, quem escolhe educar no Brasil, já deve ser denominado como herói. Você é um herói nesse país cheio de vilões. E, voltando ao assunto, o caminho de quem escolhe fazer diferente é cheio de muito preconceito e etapas difíceis. Mas chegará o dia em que as pessoas irão escolher o caminho do meio. Um dia, a arrogância de ser mais, ou a sonolência de ser menos, irá dar lugar à um grupo de pessoas felizes e iguais. Esperança, não me deixe estar errado. Quem sabe eu não viva o suficiente para ver os sorrisos nos rostos das pessoas pela calçada? Quem sabe eu não veja, um dia, as gravatas apertadas e os sensos de padrão e certezas sendo jogadas pela janela? Esse dia vai chegar. Ternos sujos e molhados ao apreciar as gotas da chuva, juntamente com pessoas que nem sequer sabem o que é vestir um terno. Um dia virá. Esse dia irá chegar.