PRAGMATISMO

PRAGMATISMO

Escrevo por questões pessoais, exclusivas e intransferíveis, direito comum, a todos, como pensar o que bem quiser, manifestar, tornar público e coerir ao que razão lógica fizer.

Na viés de expressar, também calo, ouço, absorvo, julgo e separo partes por congruência e discrepâncias, e assim, volto ao meu individualismo de posição, lógica e pessoal.

Nada além de impressões podemos ter da necessidade de cada indivíduo, cada um no enfrentamento de suas limitações... do conhecimento alheio amplo e aprofundado, pouco se pode julgar, pois, à verdade margeia-se a tudo aquilo que cada um aceita e entende por verdade, dentro da própria limitação, pela conveniência ou pela simples mas difícil arte de aceitar-se como ignaro. O país foi sacudido, milhões foram as ruas (inclusive eu), munidos de cartazes, roupas em tons da bandeira, caras pintadas, em claro manifesto pela indignação que sentimos, pelos escândalos que presenciamos e pela sede de justiça (vingança) contra quem nos rouba saqueando e pilhando de forma escancarada. O sentimento de vingança é notório, não é admitido, mas é cristalino, não basta mais punir, mas no íntimo o desejo comum é que sofram, parece exagerado sim, mas o ser humano é assim, cruel, como a própria classe política, que não se contenta com as benesses, com as facilidades, com os desvios que propiciam o luxo, querem mais, querem o poder ilimitado e o inesgotável, querem a perpetuação inimaginável pelo extraordinário e infindável, querem tudo, então, todo aquele que se diz exemplo, tem de aceitar o custo de ser exemplar em sua conduta, ou do contrário servir como exemplo e pagar o preço pelo seu descaminho. A imagem do político corrupto deixou de ser emblemática, ela é um estigma da sociedade, foi incorporado culturalmente a nossa realidade, é aceita na medida do conveniente, da desculpa esfarrapada que todos são, e sim, quase todos são mesmo, mas não só os políticos, a própria sociedade se tornou corrupta com seus valores, “é o que eu posso quando ninguém vê”, e muitas vezes esse ninguém ver é tão escondido que se esconde até de si mesmo. As bases que defendem o governo e seus “símbolos”, buscam na exceção de poucas ações e não na regra da falta de gestão e desgoverno, a razão para o incondicional apoio, impera um sentimento “Robbin hoodiano” de que se roubou dos ricos e se deu aos pobres, tolice pura, o que se fez sim, foi por meios sofríveis a inclusão a fórceps e às avessas de uma classe relegada a tempos em uma pirâmide desmoronando e por puro interesse politiqueiro, pois inexiste crescimento, o país estagnou, após navegar em águas calmas onde tudo parecia “marolinha”, o tsunami veio forte, desemprego, altos juros, inflação, inadimplência, aumento de tributos e a lista cresce , sobra apenas subsistência básica, e os recém incluídos também não tem para onde ir, nos roubaram a todos, os degraus de escalada nessa pirâmide, e continuaram roubando tudo que viram pela frente, os gafanhotos devoraram o que puderam, e gafanhoto é como político, tem várias cores e espécies mas a voracidade é implacável. Entendo o sentimento daqueles que como povo, trabalhador, honesto, cumpridor e contribuinte, ainda assim defende o governo e essa gestão, que endeusa o “líder”, é um sentimento quase filantrópico de ver os que menos tinham receberem a oportunidade de algo ter, também vejo algumas ações dessa forma, necessárias, justas apesar de paliativas, mas que deveriam ser emergenciais, pelo descaso de anos e anos de outros governos, mas o que se tirou em mais de uma década de possibilidades foi muito maior, relegaram uma enorme parcela a quase nada e outra ainda maior, a nada mais.

Quando iniciou-se todo esse processo de investigação, de caça às bruxas, de pressão sobre governo e base aliada, ficou evidenciado a incredulidade dos prós governo em relação a tudo, depois em um segundo estágio passou-se a buscar a comparação crua da classe política como um todo, e por fim, quando nada mais resta, busca se dar o consentimento e aval a impunidade por não enxergar nenhuma mudança que pudesse resultar em gradativas melhoras, e a partir daí vejo entristecido o pior dos erros, quando o ser humano aceita mentir para si mesmo para acreditar em sua falsa verdade. Sei que a reconstrução é lenta e dolorida, penosa e requer sacrifícios, imaginar que toda uma estrutura corrompida pode simplesmente ser varrida da noite pro dia é impossível e insano, mas é de tamanha idiotia usar isso como desculpa para negar que mudanças são necessárias, nada se constrói de forma instantânea a não ser a ilusão, e em muitas vezes precisaremos desmontar algo que foi mal construído para edificar melhor, tantas e quantas vezes forem necessárias.