A verdade sobre amar a si mesmo antes de qualquer coisa

Confesso que quando eu ouvia dos outros que a gente tem que se amar primeiro para depois amar alguém, eu concordava mas honestamente não sentia que aquilo era verdade. Afinal, a gente vê tanta gente distribuindo amor que não preenche nem a metade do amor próprio, gente que para de viver por ter perdido alguém, gente desrespeitando os limites de si e ultrapassando as barreiras do ridículo para ganhar a atenção de outra pessoa. Então, como assim a gente não dá o que não tem? E no final de um filme muito bonito que vi uma vez a conclusão da personagem era de que ela teve que aprender a amar os outros antes de amar a si mesma. Para mim, isso com certeza fez mais sentido.

E pensar que a gente fica com tanta gente pela ausência de outros, pela fuga da solidão, pelo apego ou pela carência. Pela falta. E pensar que a gente leva tanto pé na bunda não avisado, leva tanto nó na garganta para casa, tantas vezes e de tanta gente, que uma hora a gente aprende a se amar. Alguns tem uma tendência a desenvolver esse amor mais cedo, e sofrem menos, mas outros desenvolvem na marra. Até lá, a estrada é cheia de pedregulhos. Foi isso que aquela menina daquele filme quis dizer. Ela deu mais para os outros do que tinha para oferecer para si mesma e foi assim que ela aprendeu a se ver como prioridade em sua própria vida.

Mas agora o que eu percebo é que o contrário também é verdade sim. É preciso amar a si mesmo antes de amar os outros assim como é preciso amar os outros antes de amar a si mesmo. Desde que, no final, a conclusão do seu filme seja a de amar a si mesmo sobre todas as coisas, sobre todos os outros. Porque existe muito sentimento pesado disfarçado de amor e só quem se valoriza sabe diferenciar um do outro. Porque existe muita gente mal instruído na arte de amar e só quem se conhece e se curte sabe deixar de ser trouxa. Porque amor, amor de verdade, não é o que vemos sendo carregado com uma bagagem pesada de ciúme, nem com episódio de perseguição que usa a saudade para se explicar. No amor, a gente até pode dar o que não tem, mas quando a gente tem a entrega é muito mais inteira.