Abrem-se os olhos, agora compreendo (Crônicas da Vida)

Ir e vir, andar e caminhar. Meu relógio esta certo, ele trabalha sem parar. Esta janela da para um jardim. Nesta sala não cabem 50 pessoas, mas cabem as minhas lembranças de quase tudo que vivi. Parte delas estão armasenadas em meu coração e outras tantas nas paredes deste minusculo quarto de 40 metros quadrados que abriga imagináveis lembranças e objetos de grande estima da minha tragetória de vida.

Isto se da com todos nós. Um belo dia não consigo mais andar sozinho, preciso de ajuda, embora meu cérebro ainda funcione em parte com relativa precisão. Abrem-se os olhos, agora compreendo que a nossa existência aqui na terra tem começo, meio e fim. Não gostaria de estar aqui neste quarto de asilo, mas preciso. Cirscunstancialmente minha família e filhos não tem mais tempo para mim. Todos tem atividades que impedem de poder dar um pouco do seu tempo para aquela ou aquele que dedicou todo o tempo para eles. Que paradoxo não? Não, não penso assim. Talves no meu coração altruista não fizesse o mesmo com meus pais, mas.. nem todos são iguais. E mesmo que fossem, a vida segue e precisamos cumprir nossos compromissos diários. Neste universo de atenção, amor, carinho, ódio e sentimentos mesquinhos, as opiniões divergem e assim seguimos neste mundo que avança. Onde as máquinas funcionam, é questão de dinheiro, é questão de vida ou morte. Mas nem sempre as histórias tem um desfecho triste. Abrem-se os olhos, agora compreendo, o Sol nasce, a semente germina, os sapatos agora são difíceis de calçar.

Neste mínusculo espaço em que me encontro, estou perdendo cabelos, a cor desbota e a minha pele não tem mais vigor como antes. A pele esta inrrugada. Abro os olhos, agora compreendo. Contemplo com saudades parte da minha história de vida decorada em diversas fotos na parede. Aquele espaço, aqueles momentos que um dia fiz parte, foi a minha casa antiga, minhas vivencias. Vivi em grandes salas com mais de 300 metros quadrados. Poderia até sair e vislumbrar o mundo la fora. Mais preferi ficar naquele espaço que era a minha casa, meu palácio. Sou sensata, de todo coração, de corpo e alma externo aqui facilmente neste papel meus mais ternos e sinceros sentimentos. Para ser mais realista, temos um horizonte limitado. Temos vista curta. Mas.. não tem problema afinal de conta a vida segue. Temos que andar ainda um bom pedaço. A última impressão é a que fica. O bom ainda não chegou (irônico). O pior vem no fim, talvez, acaso. Mas não posso desistir, pois tudo tem começo, meio e fim. Aqui espero até um dia em que meus olhos fecharão e aqui não mais estarei. Apenas minhas lembranças e a compreenção do que ficou de um tempo que não volta mais, neste minúsculo metro quadrado. Abrem-se os olhos, agora compreendo.

O Voo do Pássaro
Enviado por O Voo do Pássaro em 20/03/2016
Código do texto: T5579326
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