RISCOS E RABISCOS...


Escrever é um hábito que adquirimos, ou não, durante a nossa vida. Se ele está ligado obrigatoriamente ao gosto pela leitura não sei, mas o que observo é que, as pessoas que gostam de ler geralmente desenvolvem melhor suas ideias na escrita. Acredito até, que tanto uma quanto a outra, são atividades que compreendem uma organização de ideias e pensamentos que vão muito além do que o simples ato de ler ou escrever.
O meu gosto pela leitura vem da infância. Sou de uma época em que a pedagogia da aprendizagem rezava em cartilhas diferentes das de hoje, mas garanto que funcionou em mim, maravilhosamente bem! Só sei que, o que sou hoje, credito a essa base bem feita!
Voltando no tempo... Lembro-me que todos os dias eram dias de leitura, fosse do livro de leitura – porque tínhamos um só com textos, ou do livro de “Pontos” –, livro contendo conteúdo de geografia, história, ciências e moral e cívica.
A metodologia aplicada funcionava muito bem. Para se ter uma ideia, a leitura a ser trabalhada no dia seguinte, era sempre marcada e avisada com antecedência, daí não se ter desculpas para não fazê-la com eficiência.
Na classe, no momento adequado e preparado, a professora pedia a todos que abrissem o livro na página combinada para acompanhar a sequência. Ela fazia a primeira leitura obedecendo a pontuação correta, bem como a entonação. Logo após, solicitava aleatoriamente a um aluno para dar início.
Em pé, mão direita segurando o livro aberto na página solicitada, mão esquerda atrás do corpo, iniciava-se o processo propriamente dito. Lido o primeiro parágrafo, pedia a outro aluno para dar continuidade e assim por diante. Caso o aluno seguinte não soubesse de onde continuar, ficava em pé aguardando uma nova chamada. Outro aluno era indicado. Depois de algum tempo, ela voltava ao desatento dando-lhe outra oportunidade. Assim, todos prestavam atenção e aprendiam de fato!
Embora um tanto severo, aprendi a gostar e a ansiar por ele.
Quanto à escrita, também aprendi de forma muito especial. Aliás, no meu tempo estudar era muito prazeroso. Ir a escola era um sonho!
Aprendi as primeiras letras na Cartilha “Caminho Suave”, de Branca Alves de Lima. Sou do tempo de pena, mata-borrão e caneta tinteiro. O caderno de caligrafia era sagrado. Essa atividade fazia parte das tarefas de casa.
Em relação ao desenvolvimento textual, minhas professoras foram muito habilidosas. Além de orientar o passo a passo para os diferentes tipos, número mínimo de linhas e outras informações pertinentes, elas ainda estimulavam nossa criatividade, com cartazes feitos com figuras retiradas de calendários anuais. Antigamente eles vinham com fotos de famílias, animais, escola, festas de aniversario, piqueniques, etc..
Foi assim que aprendi a rabiscar no papel o que vem da minha cabeça. Não sigo nenhum padrão de estética ou um vocabulário culto, nem consigo escrever com as mesmas qualidades dos escritores que já li e admiro. Tento apenas repassar minhas mais puras emoções através dos meus rabiscos ou nas suas entrelinhas...
Esse é meu estilo!
Vanda Jacinto
Enviado por Vanda Jacinto em 21/03/2016
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