O show do Brasil

Se compararmos o Brasil a um filme que filme seria? Bem, antes da fazermos tal ato é necessário que concordemos que o Brasil sendo um filme, ele estaria entre os piores já criados. Pois o seu diretor (Portugal) não estaria interessado em fazer uma obra cinematográfica de qualidade, isto é, com uma boa história, com bons atores e originalidade, e sim apenas em arrecadar muito dinheiro. E assim o fez. O filme Brasil é um típico clichê, tudo que há nele já vimos ou ouvimos em algum lugar, basicamente é um tipo apelativo, especialmente, em temas sexuais, de uma linguagem confusa, não fica nítido quem são os protagonistas e os antagonistas, não possui um gênero predominante, flerta com a comedia, drama, terror e suspense, ou seja, é uma bagunça total; no filme é contada a história de uma grande família que vivi em uma mansão, mas passam por dificuldades financeiras e convivem frequentemente entre intrigas.

Voltando a pergunta inicial, existe um que se enquadra muito direitinho ao nosso estilo de vida: O show do Truman. Filme de 1998 que tem como protagonista Jin Carrey. Na história, Truman (Jin Carrey) foi escolhido logo após o seu nascimento a ter a sua vida transformada em um tipo de reality show, tudo o que lhe acontecia era mostrado via satélite e visto por milhares de telespectadores. Sua vida não passava de uma grande farsa bem arquitetada. O que ouvia, onde andava, com quem falava e o que aprendia era tudo uma mentira que tinha como proposito a manutenção do espetáculo televisivo.

A correlação entre a película e o nosso país é bem próxima, apesar que, particularmente, acredito que o Brasil tenha sido a grande influência para criação do filme, embora não seja brasileiro.

O Brasil ainda tem jeito ou não? Não acredito em milagres, todavia quem sabe em algum momento aconteça uma guerra de proporções gigantesca ou mais um dilúvio e depois de tudo possamos recomeçar com uma perspectiva distinta, com um comportamento mais racional e criterioso; deste modo, quiçá tenhamos mudanças significativas em nosso panorama social. Não estou sendo um ultra pessimista e sim realista.

O brasileiro sofre da síndrome de Truman e nem sequer se dá conta. Apendemos a não aprender desde pequenos nas escolas e continuamos até o ensino superior, acreditamos que políticos fazem favores, que são patrões, chefes; concordamos com tudo que os Faustões, Bones, Edis Macedos, Lulas, Aecios e Moros da vida dizem. Seguimos modinhas de telenovelas e de ritmos musicais, pintamos ás caras de verde e amarelo em época de copa de mundo e logo em seguida criticamos as construções dos estádios, saímos ás ruas em protesto contra a corrupção, entretanto vendemos nossos votos, damos um agrado ao agente transito, colamos durante as provas. Todo isto está no script do filme citado, Brasil.

Ouvimos tanto em falar em democracia que acabamos acreditando que vivemos em uma. Se a democracia é o poder emanado do povo, isto é, a liberdade de escolha que povo possui para determinar seus interesses, ora pois, então nunca vivemos nela. A equação é simples, se um seleto grupo de pessoas exerce poder sobre o povo e manipula suas escolhas, esconde informações importantes e domestica desde pequenos nas escolas a aprender o que estes detentores de poder querem que saibam, este povão não possui poder legitimo.

O Brasil é um país de mentira? Evidente que não, porém é uma nação de enganados. Um população que já se acostumou com mentiras no lar, nas escolas, nos cultos religiosos, nos palanques políticos e nas mídias de comunicação. Voltando mais um vez ao Show do Truman, lá ele encontrou a verdade, embora depois de décadas. O primeiro passo é simplesmente questionar tudo e todos.