Assim não dá!


Assim não dá! Que vexame não poder escrever nada, ter a mente vazia! Que foi que aconteceu? Fui para um lugar encantador, praias maravilhosas, embora eu não entre no mar, adoro apreciá-lo de longe, admirá-lo como se admira algo portentoso e, não tenho nada para escrever? Como fico pensando, sem saber o que vou colocar no papel, ou no computador. Parece tão ridículo ter estado num lugar como aquele, ter respirado o ar da Serra do Mar, da mata Atlântica, todo aquele manancial de verdes e cores, e sons e estar agora limpa de assunto.

O mar, aquele rei majestoso, exuberantemente vestido de azul turquesa, com a rainha mata a admirá-lo do alto do seu trono com olhos de esmeraldas, estão e são sensacionais! Encantadora mistura de tons dos dois eternos apaixonados, enviados por Deus. As baías azuis querendo e provocando entradas triunfantes nas praias brancas, vermelhas, compridas que só ELE pode criar, apresentando toda a sua beleza e calma como a ensinar as pessoas como se comportar diante da Beleza


As pessoas? Não percebem que estão diante da maior prova de amor de Deus para conosco. Estão ali para passar o tempo para se divertir apenas e, não percebem as realezas que nos estão observando com olhos verdes brilhantes marejados de lágrimas pela indiferença.

Nas estradas as pessoas passam de carro largando o vento atrás de si, preocupados com a velocidade, com seu destino e, não notam as princesas verdes erguendo para o céu olhos mistos de verde e azul alimentando filhos gulosos e vorazes que sugam suas energias.

Durante todo o trajeto da estrada que vai de Ubatuba até Paraty a imagem que tive da sagrada natureza é impressionante . Erguem-se por todo o caminho, ao longo da estrada, “esculturas” vivas, naturais, verdes de diversos tons que acenam a cada passante apressado que nem as vê. São as trepadeiras, as parasitas, elegantemente subindo pelo tronco das grandes árvores e que dão a impressão de terem sido esculpidas pela mão do homem.

Pela mão do homem! Qual nada ! A mão do homem não tem como fazer algo tão simples, delicado e tão superior! Os olhos não vêem como devem ver aquela bondade pedindo amor. Só amor. É preciso ir com calma e ter cuidado para não ser empurrado por outros carros, para observar e sentir o poder da natureza. Ver a beleza da mata qual dama inocente a desfilar diante de nós.

Estou triste, aborrecida, mesmo. Durante o caminho fiz mentalmente tantos poemas! Tantos versos no meu silêncio de observadora atenta e extasiada. Onde foram? Talvez não fossem dignos de tão grande beleza! O que meus dedos podem digitar que contem da beleza que é observar o aquário natural repleto de peixes? Como escrever sobre o balanço das ondas e o vai e vem das espumas batendo no barco? Existem palavras que falem da areia molhada beijada pelo mar? Existem palavras para representar o que Deus colocou lá?

Preciso aprender a observar mais. Respirar e aspirar mais esse ar, sentir mais a proximidade de Criador. Sentir e perceber que tenho alguma responsabilidade e cuidado com essa maravilha toda. Amar não é fazer versos de amor a todo instante. Amar é também calar, silenciar, ver. Por isso os versos fugiram de mim.Para me ensinar a ver.
Querem que eu aprenda mais. Vou me esforçar mais.Ouvir o silêncio da mata barulhenta, cantante.
Quem sabe assim não ficarei sem saber o que escrever