DERROTA

Sempre existirá quem ganhe e conseqüentemente quem perde. Nem sempre o mesmo ganha e nem sempre o mesmo perde.

Ao ser desclassificado em um campeonato de futebol algumas reações me vieram sem que eu quisesse, e a melhor forma de tentar entende-las foi escrever. Desabafar em palavras algumas sensações que podem ser comuns a muitos e que por não dividirem sentem-se sós.

Ao perder sentimos algo dentro do nosso íntimo que enfraquece nossas ações, diminui nosso poder de força, nossa energia parece precisar de uma recarga e os pensamentos variam entre frustração, sensação de culpa, decepção e desilusão. Por mais que lutemos sempre nos vem uma dor na derrota.

Quando penso em derrotas ou perdas, não falo só em esporte. Elas podem variar entre trabalho, família, amores, jogos e em quase tudo na vida. Somos sempre ganhadores e perdedores, alunos e professores.

O que faz o dia de amanhã iluminar nosso caminho é saber que ninguém é bom, ou ruim, em tudo, que se eu perco hoje em algo posso resgatar em minha mente e descobrirei que ontem eu ganhei, ou então confiar que amanhã uma vitória virá. O peso que colocamos nas ocasiões é o que define a tristeza ou felicidade.

Não devemos desvalorizar o que fazemos, por menor importância que tenha em nossa vida, pois todas as nossas atitudes, uma vez assumidas por nós, serão reflexos da nossa existência, da identidade que estaremos mostrando às pessoas, a nós mesmos e ao mundo.

Saber perder não é se conformar com a derrota, mas a consciência de que foi dado o melhor, que foi superado por alguém ou algo dando tudo de si, se entregando e acreditando no próprio potencial.

Tenho certeza que no crescimento da alma humana nem sempre quem vence aprende mais. A humildade em saber reconhecer os erros torna as pessoas mais fortes pra futuras vitórias, mais sólidas, mais verdadeiras sabendo que a fase não é eterna, e assim como a perda, ela passa, ficando no espírito as marcas do que foi ensinado. Por bem ou por mal, sempre aprendemos, estamos a todo momentos convivendo com altos e baixos que tentam nos mostrar de alguma forma os caminhos para alcançarmos o equilíbrio. Sem desprezar nada e também sem se deixar levar pela onda de baixo astral.

Além do mais, quando lutamos com sinceridade, humildade e perseverança, somos reconhecidos e felicitados mesmo sem ganhar. Conquistamos respeito não só quando estamos no topo da pirâmide, mas pelo modo como chegamos a ela, por como nossa índole e nosso caráter é revelado no decorrer dos acontecimentos e, com certeza, aplaudidos pela nossa integridade.

A vitória é boa, devemos sempre almejá-la, com dignidade e justiça. Só que ela não é o mais importante: ela é um resultado final de tudo que foi construído, do modo como os pilares dessa conquista foram soldados, da atenção que foi dada a cada detalhe, da concentração em cada momento, do retorno e força nos momentos de fraquezas, humildade de assumir e corrigir o erro em tempo, do conjunto de emoções e sentimentos que foram colocados em jogo e da entrega da alma com a confiança de estar lutando pelo que se acredita.

Seja onde for, em casa, na rua, na academia, no bar, no esporte, no amor, a vida sempre nos mostra o tamanho que somos pela nossa maturidade em admitir o erro, saber que se perde ali e se ganha aqui, ter força para lutar novamente e humildade em assumir os próprios limites, acreditar em nosso instinto e consultar sempre o lado racional, e aprender na vitória ou na derrota que não somos perfeitos. Somos humanos.

As angustiam que corroem as entranhas da minha pele, o ar que pára na garganta, o corpo que amolece, a tristeza que bate, a vergonha do espelho, a sensação de incapacidade e lágrima que insiste em sair, tudo isso servirá de motivação e aprendizado pra novas conquistas, seja na área que for, com quem for, o aprendizado que fica é de sempre valorizar a vida, as pessoas, si mesmo, e assumir quem somos pras nós mesmos antes de querer nos mostrar à alguém.

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Sidnei Oliveira
Enviado por Sidnei Oliveira em 10/07/2007
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