Caio
Quis de dez chances, a única,
A que trouxesse de volta,
Do passado obsoleto...
O querer estar perto -
Foi de longe que me conformei.
Na solidez guardada em mim,
O pranto - vez em quando - inunda meus olhos.
Guardada por anos na gaveta.
Aquela gaveta;
Suas palavras, desertas, em vão.
Sequei-me aparentemente.
Aparentemente.
Frágil - forte - eis o mortal lutando contra a imortalidade.
Eu lhe vejo pela janela,
Mas por sua janela você não me vê,
Porque não sou eu, o seu.
Mesmo ainda, quero estar por perto,
Em outra vida...
E de mim, que nasça flores,
Em um jardim para sua presença.
Para sua velhice,
Na casa que já não é nossa -
Nunca foi.
Desamarro os cadarços e descalço,
Ando em sua direção,
Pés despidos,
Cacos de vidro,
É onde me fere a dor,
Só percebendo o sangue é que percebi que estou vivo - morto.
Depois de você,
O trem passa, mas não vejo,
O dia amanhece e nem se quer sei o que é sono,
Exijo de mim um banho,
A canção não se dança,
O desespero se acalma,
O rabisco se desintegra em folheto amiúde. Me ocupa o ar, poluindo-me de vida...
O espaço entre um passo e outro - o vazio...
O vazio que requer espaço,
O vazio por querer explicação,
O vazio em crise existencial.
Diante de nós, o tudo, o nada,
No cara ou coroa,
No espaço...
Na aposta por quem dispensa felicidade,
Por uma felicidade de quem conheceu a dias,
Cercado por um passado inexistente de anos e anos atrás.