Nós, mulheres, vamos guardando coisas e mais coisas nas bolsas, até que temos que virar tudo sobre a cama e fazer a limpeza. Encontramos então, propagandas, papéis de bala, clips, band-aids já secos e imprestáveis e outras coisitas.
Fiz isso ontem, depois, pensei: por que não fazer isso com o meu coração?
Não pude tirá-lo da caixa torácica, mas imaginei-o com as aurículas e os ventrículos abertos para que eu pudesse trabalhar melhor.
Usei um detergente perfumado e desinfetei o espaço com produto especial que consegui com um mágico amigo meu.
Comecei tirando as mágoas, as pessoas que não mereciam estar ali, as recordações que me faziam mal.
Como já dizia o meu amigo Shakespeare “cada vez que nos lembramos de algo que nos fez mal, sofremos outra vez”. Sábias palavras.
Havia também umas teias de aranha que estavam ali há anos e não tinham a menor utilidade. Limpei-as todas e matei as aranhas. Que me perdoem os aracnólogos.
Sobraram muitas coisas que quero conservar: amor, carinho, caridade, boa vontade, lucidez e desejo de fazer o meu próximo mais feliz.
Cada ser humano deveria ter vindo com uma borracha, especialmente para apagar momentos tristes. Alguns precisariam de borrachas enormes, outros, apenas aquelas que vêm agregadas ao lápis.
Limpe o seu coração também, tire todas as bactérias e vírus que o estão infectando. Garanto que você vai sentir um grande alívio. Vai se sentir livre, leve e solto.
edina bravo
Enviado por edina bravo em 14/04/2016
Reeditado em 15/04/2016
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