Mariana, a enfermeira depressiva

A história é uma arte. Ela é o quadro de nossas vidas. Pintamos nela diariamente. Ora tons claros, ora tons escuros. A mistura das tonalidades ditam a nossa situação. Se o quadro será bonito ou feio, isso dependerá do quão bem pintamos, mas há padrões. O quadro de um aidético é manchado com bolinhas vermelhas, o de um advogado sempre tem uma piscina, assim como o do médico, mas neste há uma piscina em cima do apartamento. Já o de Mariana, a nossa enfermeira, é algo um pouco inconclusivo. Uma pintura tão conturbada que merece ser contada por mim.

Mariana nasceu n’uma cidadezinha de merda no interior do Ceará. Pela pesquisa que fiz descobri alguns acontecimentos da sua vida nesse interior. Um deles foi a morte da mãe e do pai, ambos morreram de overdose enquanto brincavam com o pó branco mágico. Eles usavam o pó branco mágico devido o estresse do trabalho: Era uma cidade governada por feministas e progressistas, como não se estressar? Deve ser por isso que no Canadá o número de suicídio só vem aumentando. Depois de órfã ela foi levada pelo serviço social e adotada por uma família cosmopolita.

Ganhou um irmão e uma faculdade paga. Escolheu arquitetura. No dia de formatura foi pedida em casamento pelo seu professor pedófilo. Ela aceitou pois não sabia dos casos de pedofilia, é claro. Mais tarde descobriu os casos no computador, junto com calcinhas de crianças e um pinto de borracha. N’um jantar ela conheceu o filho de seu marido, e no mesmo dia se divorciou e saiu para farrear com o ex enteado. Acabou se casando com ele e na lua de mel. O pedófilo apareceu e matou o filho, logo depois se matou, mas deixando um recado: “Eu sempre amei crianças, ajude-as”.

Com a culpa na cabeça, resolveu fazer faculdade de enfermagem para ficar mais próxima das crianças. Seu irmão mais novo teve problemas na escola, e se tornou um psicopata e foi internado. Mariana ficou responsável por ele. Depois de um tempo ela lhe deu alta e ele. Feliz pela alta, agradeceu realizando o pedido que lhe fora feito “Deixe a mamãe e o papai felizes”. Ele cumpriu esse dever matando-os e fugindo. Nunca mais foi visto. São muitas desgraças em sua vida. Pais mortos por overdose, primeiro marido pedófilo, segundo marido assassinado, novos pais mortos. Quem pode culpá-la?

Agora Mariana é amargurada com crianças. Estes são os registros das câmeras que mostraram certas situações impróprias da conduta de Mariana:

Situação 1:

-Enfermeira! Enfermeira! –garoto A com câncer em estágio terminal.

- O que foi dessa vez A? Você não sabe morrer quieto?

-Eu vou morrer? –começa a chorar- Mamãe disse que eu vou ficar bem.

-Bem, minha mãe disse que eu ficaria bem e olhe só, eu estou bêbada.

-Então eu não ficarei bem?

-Garoto, nem tudo gira em torno de VO-CÊ!

-Se eu morrer eu vou para o céu?

-Não sei. Depende da sua crença. O que você é?

-Eu sou cristão...

-Eu não sei para onde você vai, mas morra logo para descobrir.

-Mas enferm...

-Morra logo... –cochichou ao sair da sala.

Situação 2:

-Enfermeira! Enfermeira! –garoto F com alzheimer, um raro caso de memória curta

-Oi garota.

-Eu sou um garoto...

-Você vai esquecer em breve...

-Eu não consigo comer.

-É claro, arrancamos seu braço. Você está sem braços.

-Mas eu vejo meus braços...

-São próteses.

-O que é prótese?

-Não vou explicar, você vai esquecer em breve garotinha.

-EU SOU UM GAROTO!

-Uau, você não esqueceu! Acho que vou parar de colocar cocô na sua comida.

Situação 3:

-Enfermeira! Enfermeira! –garoto E com alguma doença grave.

-Oi.

-Você está bem?

-Não.

-O que aconteceu?

-Você me chamou.

-Mas eu estou sangrando pelo ouvido e pelo nariz!

-E não tinha outra enfermeira para chamar?

-Você é a única de plantão, segundo o médico...

-É mesmo... Tinha esquecido. Vamos limpar isso.

-Eu vou ficar bem?

-Acho que não, isso é sangue hemorrágico. Daqui a dez segundos você morre.

-Aaaaaaaaaaaaaaah! Nããããããão!

-Calma garoto, foi uma piada.

-Ufa! Você me assustou. Agora estou com medo de morrer.

-Você vai, só não em dez segundos. Vou chamar o médico para a cirurgia. Eles vão te cortar e você pode morrer, mas não se preocupe. O garoto com câncer vai estar com você em algum lugar no pós-morte.

A pintura de Mariana é realmente conturbada. Quando morrer, duvido que ela será exibida ao mundo.

Krabat
Enviado por Krabat em 04/05/2016
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