O AMOR NA ENVELHESCÊNCIA

Falar de amor na idade provecta soaria como o amor incondicional dos pais e avós. Esses são de fácil constatação.

Refiro-me, com propriedade, ao amor mesmo, aquele que treme a perninha, bate a ansiedade, e se satisfaz com um sorriso, abraço ou uma breve conversa.

Partindo de quem seja semiprovecto, pareceria, para os mais jovens, algo fora da casinha. Não é.

Ele tem o arroubo infantil e fica alheio aos apelos hormonais.

É a vontade incontida de uma companhia serena e perene bem contrastante com a odisseia jovial, onde os relacionamentos são céleres e turbulentos.

Uma casinha branca e um quintal de mato verde diz tudo. É bem assim.

Passaria toda a vida, ou o que restasse, na janela olhando e admirando sem que nada lhe quebrasse o encanto. Não há coração partido, pois esse é um sentimento de classe especial.

Há quem diga que o amor não tem idade. Esse tem.

É aquele que não se aquebranta se não for correspondido.

Ele é o alimento da alma de quem é mais vivido.

É o que lhe faz mais vivo.

O amor na envelhescência torna leve o fardo tempo.

É o coroar de glória uma longa vida exitosa.

É uma dádiva que Deus dá para poucos.