CRÔNICA-POÉTICA-PATÉTICA DE 72
⁠⁠⁠a avenida tomaz landim vira sauna as sete e quarenta e dois dá manhã num dia de golpe de Estado (com E maiúsculo mesmo) onde os carros os ônibus as motos estão todos expremidinhos no meio do fio da rua onde daqui de dentro desse depósito metálico de trabalho suor e cansaço (não necessariamente nessa ordem) lembra mesmo uma fila pro péssimo - diga-se de passagem - atendimento ao cliente do banco santander onde a moça do meu lado vendo vídeos de cachorrinhos no whatsapp a moto vermelho-tatuagem-pimentinha a minha frente e o sol sem ar-condicionado ou ventiladores de teto nas minhas costas desconhecem (ou simplesmente não se importam) com o valor que dou ao passar quase que obrigado todos os dias em câmera lenta por cima do rio potengi que eu nunca entendi o porquê de ter uma nasceste tão distante lá pras bandas de cerro corá onde é frio e o povo não saca a importância identitária que os engarrafamentos matinais têm para os boes e boezinhas dessa zona onde mesmo fazendo parte de natal as pessoas ainda insistem em perguntar como chegar em natal quando estão por aqui eu mesmo só reviro os olhos e faço cara de ônibus lotado com cheiro da marmita do almoço noites mal dormidas e demissões por justa causa recorrentes por motivo de número de atrasos desplanejados e inevitáveis resultantes de um espremido pontual lá na ponte de igapó