SAUDOSA TELEDRAMATURGIA
Crônica de:
Flávio Cavalcante
 
 
     A teledramaturgia do país tem passado por uma evolução de imensa grandiosidade. E com isso veio também as dificuldades, ainda mais, complicando o espaço para novas ideias de novos autores. A concorrência aumentou e o que já era ruim hoje está bem pior.
 
     Não sei se na minha época que hoje chamo de época de ouro, teria esse mesmo valor sentimental se o mesmo folhetim fosse algo atual. Lembro-me perfeitamente dos clássicos da teledramaturgia hoje reprisadas pelo canal viva. Pai Herói é uma dessas pérolas que tenho muitas passagens a delatar acontecidas na época e na estreia da novela. Aliás, quem viveu aquele momento sabe o quanto foi mágico e ficou registrado na memória e certamente levaremos esta saudosa lembrança para o nosso além túmulo. Claro, estamos falando de uma época onde não tínhamos opção na tv e tínhamos que assistir veemente cada capítulo de cada folhetim que a emissora oferecesse, não existia internet onde seria uma opção de desviar a atenção para outras oportunidades.
 
     Impressionante como na época a estrela era a novela. Os que tinham foco pelo telespectador na realidade eram os atores. Via-se os nomes da parte técnica no créditos e só. Nem o autor aparecia em lugar algum. O destaque era realmente da obra e os atores que interpretavam as personagens. Com isso as novelas duravam seis meses no ar e o telespectador ficava com gostinho de quero mais. Frisando novamente; não se tinha outra opção a não ser acompanhar as novelas que era um convite totalmente obrigatório. As donas de casa e os pais de família chegavam mais cedo para encontrar o melhor lugar na sala, pois, a televisão era preto e branco e a qualidade de imagem não era lá essas coisas. Cada capítulo do folhetim era motivo de debate no dia seguinte pelas donas de casa, que já esperavam ansiosas o horário para continuar vendo a novela. Lembro-me perfeitamente de uma noite; infelizmente não consigo recordar o capítulo da novela mas eu sei que foi O PAI HEROI, que faltou energia na cidade bem na hora da novela e as donas de casa entraram em estado total de estresse. Toda cidade apagada e o falatório era ouvido a distância. Hoje em dia temos a internet; se por acaso vier acontecer uma situação como esta temos a opção de ver uma reprise nos canais das redes o que perdemos no dia anterior.  
 
     Sinceramente eu não sei o que está acontecendo com essas mudanças malucas na teledramaturgia do nosso país. Mudaram os valores dos produtos e o respeito pelos telespectadores parece ter ido de ralo á baixo. O tapete vermelho que era dado exclusivamente para a obra hoje em dia é estendido para os autores que se acham as celebridades. Onde vamos parar com esses pensamentos retrógrados numa época onde a concorrência evolui á olhos nus e a jato?
 
     Falam muito nos grandes autores do passado, tendo eles como os clássicos da época e eles foram de fato os grandes clássicos que hoje estão representados apenas em nossas lembranças. Agora; abro um parêntese aqui para uma interrogação. Será que se hoje eles existissem continuariam sendo clássicos como assim denominamos pelas suas grandes obras do passado, sabendo da explosão de outras emissoras e canais fechados, além de internet, whats app e outras fontes que desviam a atenção do telespectador?
 
     Cada dia que passa eu me convenço de que a televisão arfa e eu sinto que este coração insiste em bater, mas está caminhando para um momento crucial e fulminante. Pode ser que os autores de televisão estejam enxergando isso e o fato deles fazerem exposições de sua imagem pessoal como celebridade venham desviar um pouco a atenção dos telespectadores que hoje tem uma farta mesa de opções e não está nada satisfeito com o que vem acontecendo com a televisão do país.
 
Flávio Cavalcante
 
Flavio Cavalcante
Enviado por Flavio Cavalcante em 23/05/2016
Reeditado em 23/05/2016
Código do texto: T5644369
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