Política circense
À minha frente, na telinha da TV, desfilam diariamente artistas os mais variados. Porém não são mambembes, nem estão travestidos a rigor com vestimentas pitorescas ou circenses.
Antes de tudo são bem vestidos, com ternos impecáveis e gravatas coloridas.
Até mesmo as poucas mulheres que ali estão, que por sinal ali chegaram com tanto sacrifício e vencendo a tantos preconceitos, também se apresentam estranhamente masculinizadas no vestir e no falar, como que renegando os ideais progressistas que antes defendiam.
Talvez rendidas ao "statu quo".
A esmagadora maioria, independentemente da orientação ideológica ou de gênero, pratica a arte da mentira e da desfaçatez. É no que se transformou a Política, por meio de seus ignóbeis representantes oficiais.
Por questões ideológicas e partidárias apenas, mudam seus discursos de acordo com a conveniência do momento. O que ontem defendiam, agora atacam. O que era aético, hoje se justifica. O que significava desonestidade já representa ação totalmente compreensível para o bem da nação.
Quem era taxado de golpista hoje é governo e continua a perpetrar os mesmos desvios de conduta, nomeando indivíduos sabidamente desonestos, tomando medidas errôneas e precipitadas, não fazendo jus à esperança da população por retidão e credibilidade.
Quem era governo comprovadamente corrupto em suas ações, desmascarado e apeado do poder, hoje discursa em nome da moral e das necessidades sociais.
São todos patéticos.
Enquanto isso o País navega à deriva.
As escolas param e seus estudantes são usados como massa-de-manobra para protestos oportunistas.
As microempresas implodem.
As demissões continuam.
O crime e a violência seguem bem nutridos pela desigualdade social.
Quem não sabe o que é "Offshore" custa a entender o tamanho da falcatrua, mas segue como mais uma vítima da inadimplência, seja passivo ou ativo no contexto do fato.
A prostituição em que se transformou a atividade política no Brasil urge ser revista. É a verdadeira baixa política ou Politicalha.
Porém, em termos práticos, para que se principiasse a mudança deste cenário dantesco, os candidatos deveriam ostentar verdadeiras "fichas-limpa", ou parafraseando nosso amigo recantista ItamarCastro: "a máxima do direito que diz que ninguém é culpado até o trânsito em julgado, deveria ser contestada para cargos políticos".
Por enquanto, haja estômago e resiliência para tanta sordidez...