CONTANDO HISTÓRIAS - O CAÇADOR DE VOZES
Muitas vozes se perdiam no Reino. Nas suas ruelas, nas tabernas, nos porões... Voavam com a brisa, com o vento, e ás vezes um tufão as levava para muito longe. Eram vozes de lamento, tristes, amarguradas. Umas pediam mais saúde, outras necessitavam mesmo de alimento em seus pratos, ou um emprego digno talvez. Não importava os motivos, mas todas aquelas vozes suplicavam por algo.
Talvez por andarem as vozes perdidas e desencontradas, nenhuma delas se aproximava do Rei, e assim ele não ouvia o lamento de seu povo, pois no Castelo e na Côrte não lhes faltava nada, bons médicos, um ofício, e muito alimento, até mesmo para se esbanjar em grandes festas promovidas pelos nobres.
Então numa bela tarde, por trás da campina que dá acesso ao reino um cavaleiro. O pôr do sol permitia apenas a visão da silueta do homem sobre seu cavalo, empinando o animal, e anunciando sua chegada. Era sujeito misterioso, do qual apenas se sabia sua profissão: Caçador de vozes.