PARECE COISA DE NOVELA

PARECE COISA DE NOVELA

“Não procures esconder nada; o tempo vê, escuta e revela tudo”.( Sófocles)

“Três coisas não podem ser escondidas por muito tempo: o sol, a lua e a verdade”. (Buda)

Era uma vez uma moça bem humilde, semianalfabeta, criada desde criança por uma família pobre que apesar de criá-la com os cuidados de uma filha adotiva, era uma empregada doméstica na casa. E, como tal fazia as compras de alimento da casa.

Certo dia foi a uma feira livre comprar alguns produtos e lá conheceu um homem também bem humilde, semianalfabeto que trabalhva honestamente como proprietário de uma das inúmeras barracas ali existentes. Começaram a bater “papo” a ponto dela perder a hora de voltar para casa. Foi reclamada pelo atrazo, mas passou.

Novamente voltou á feira e, mais uma vez passou horas, conversando com o barraqueiro. E a volta para casa, já podia esperar, briga na certa pelo atraso!.

Passados uns tempos o barraqueiro, já sabendo com quem ela morava, foi até lá e a pediu em namoro para o patrão dela. Este, consentiu mas foi categórico: ela namora dentro de casa e não pode passar das 10 horas da noite.

Do namoro para o casamento foi um pulo.Todos os parentes da família que a adotara ajudarm no enxovam e compareram à cerimônia, entrando na igreja levada pelo pai/ patrão.

Tiveram dez filhos, embora muito pobres tocavam a vida com dificuldade e muita dignidade. Todos os filhos estudaram e quase todos chegaram a fazer uma faculdade. E que felicidade para eles, semianalfabetos terem filho médico, engenheiro agronômo, engenheiro civil, filosófo, bancários, comerciantes, auxiliares administrativos!

E foram tocando a sua vida; ele na barraca e ela em casa para dar conta de dez filhos!

Até que um dia, como diz o ditado popular, chega ele da feira “ com o rabo entre as pernas”; com “cara de cachorro quando quebra prato” e confessa para ela: eu tinha outra mulher na feira e com ela tive quatro filhos, mas ela morreu e quem vai tomar conta dos quatro meninos? Tem que ser, não é? Afinal sou o pai!

Ela teve a reação que qualquer mulher teria ao saber de tamanha traição! Foi uma bafafá, uma discussão enorme,, mas ele se ajoelhou nos pés dela pedindo perdão e ela como tinha uma natureza privilegiada por Deus, perdoou e terminou permitindo que ele trouxesse os quatro filhos, que junto com os dez do casal somaram quatorze filhos. É brincadeira isso? A casa que já era pequena para abrigar todos mais apertada para abrigar mais quatro para dormir, comer e, pior de tudo, a convivência no dia- a- dia! Os filhos do casal revoltados com a chegada inesperada de novos quatro irmãos adolescentes como a maioria deles. Para se ter uma idéia o mais velho dos novos irmãos era da mesma idade da quinta filha do casal. E haja confusão, e haja problemas!

Mas, fazer o que? era a nova realidade daquela família. Logo todos foram se adaptando e a vida seguindo adiante.

Eis que surgiu um problema. A mãe e as irmãs de criação dela sempre ia lá para vê-la. E aí? Ela não tinha coragem de contar a chegada desses novos filhos do marido. Tinha vergonha de falar e sabia que ainda podia ser repreendida por aceitar a situação.

Assim, ela chamou os quatro meninos e disse: toda vez que o meu pessoal chegar aqui vocês ficam lá em cima ( a casa tinha um andar) até o pessoal ir embora. Coitados desses meninos! Perderam a mãe, foram morar com o pai que já tinha uma família enorme e ainda não poderem aparecer para determinadas pessoas. Uma humilhação. Pensem o que se passava na cabeça deles!

E essa situação foi passando até o dia em que a filha mais velha do casal ficou noiva. A avó como ela chamava esteve lá e perguntou : já tem data para o casamento? Por que não se casa no mesmo dia em que sua mãe se casou? Seus pais são tão felizes, seria bom escolher esta data!

A mãe ouviu a conversa e resolveu chamar uma das irmãs de criação e contar a história dos quatro filhos do marido. Como ela estava muito decepcionada com a traição do marido não queria que a filha se casasse na mesma data que ela.

Mistério desvendado a vida seguiu. Os catorze filhos cresceram se formaram, se casaram. Dos quatro adotados, dois foram morar fora e se afastaram da família. Os outros dois, apesar de saírem de casa nunca perderam o contato com o pai e a madrasta esta muito facilmente se deixou conquistar por eles e demonstraram muita gratidão pela acolhida. Tanto que um deles ao entrar para uma empresa de porte na cidade os colocou como seus dependentes no plano de saúde, não só o pai, mas a madrasta também o que garantiu os cuidados necessários até os últimos dias de seus dias.

“ E de repente a vida te devolve pro lado certo, e você descobre que o lado certo é a recompensa por não ter sido fraco enquanto estava atravessando os seus avessos” ( Autor desconhecido).

Em 18 de abril de 2015

GSpínola

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Enviado por GSpinola em 29/05/2016
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