SER PAI

No dia dos pais daquele ano acordei um pouco mais tarde do que de costume. Sono bom. Andando, enxugando e resto do banho de toda manhã. Pus-me a conferir minhas coisas, um livro ainda na rede, fora do seu lugar, meu óculos. Olhei pela janela do meu quarto contemplei o verde da nossa mangueira. Um dia de sol anunciado a primavera que se aproxima. Passei revista no galinheiro. – Quantas sobraram? Nossos cachorros não as deixam em paz. Instinto. Temos quatro filhotes. É a vida se renovando. Desci.

Todos já estavam lá em baixo à mesa, me esperando. Ali, começou o clima do dia. As emoções. Abraços, cumprimentos.

Meu filho, o mais velho, me perguntou – “O que é ser Pai?” Sentamos, olhei nos olhos de cada um e de súbito respondi. – É ter filhos. Riram todos. É principalmente, continuei, UMA NOVA OPORTUNIDADE que o Grande Arquiteto do Universo, que é Deus, nos dá, a nós os pais, de vivermos novamente, por intermédio da vida de nossos filhos. Corrigir nossa trajetória, quase sempre, através de nossos filhos. Vibrar com suas vitórias para compensar as que não tivemos. Evitarmos novos erros. Sonharmos novos sonhos. Revivermos nossa vida nos passos da vida de nossos filhos. Cuidá-los! Bobagem! Cuidamos de nós mesmos. Queremos nos eternizar. São os depositários de nossos sonhos mais longínquos. Garantia de na velhice os netos outro prêmio do Criador. Nova oportunidade. A vida se renova.

Ser Pai, diferentemente de ser Mãe que tem o contato físico nos meses da concepção e depois, é o espírito que está presente, está contido e por ser espírito, não se mostra e nem seja notado como o ponto de equilibrio. Quem não o tem mais em vida, sente-no bem dentro do coração e como a Deus não o ver. Um pertencer abstrato extremamente concreto. A força invisível que aponta o caminho se usado como espelho.Sobretudo, é Paz. A nossa paz. Porque Pai é paz.

Terminamos nosso café da manhã em silêncio. Num silêncio de Pai. Saímos à casa do meu Pai na busca de mais Paz.

Manuel Oliveira