A religião.

As escolhas são arbítrios, e quando legais são de amplo direito, e a religião é uma das que oferece maior diversidade.

O que me fez escrever este artigo ? Fácil, é dizer que convivo com a diversidade religiosa e a compreendo, e compreender já é mais do que aceitar. Não encontro superioridades nas diferentes formas de pensar, apenas diferenças.

A minha esposa é Testemunha de Jeová, há pelo menos trinta anos, e ao contrário do que muitos pensam, não é uma religião ou seita (acho feia esta palavra), radical . Há um grande preconceito plantado na sociedade, e até em novelas da Globo andaram falando bobagens, que não correspondem a realidade.

Não existem casamentos entre pessoas que não são da mesma religião, não porque seja proibido, apenas não se aconselha, para evitar o choque cultural, já que a maioria não tem discernimentos desenvolvidos, e depois vem os filhos , e a coisa tende a se complicar .

Há uma coisa que não gosto, que são essas visitas matutinas pelas casas, mas para eles isso é fundamental, bíblico, e não insistem como dizem, quando a pessoa não quer, seguem adiante. Sempre depois das nove horas, nunca antes.

Quanto a receberem sangue, se apoiam em textos bíblicos, já li esses textos, eu não vejo sentido amplo, tentaram me convencer , mas evito discutir certas coisas, ouço e "passo a bola ".

No começo eu estudava muito, e trabalhava demais, e essa ausência deu espaço para que ela o ocupasse, e se interessou pela religião, mas a sua juventude a precipitou em tentar a minha conversão, o que resultou em desastre. Ficamos tristes um com o outro, e precisamos dialogar , já que as discussões em nada resolvem. Um dos pontos seria não interferir na escolha dos filhos, e ela sempre respeitou isso.

Há uma liberdade natural, de consciência e não de qualquer outra coisa, e pode se levar uma vida normal: beber, dançar, cortar o cabelo, usar biquini na praia, etc...

Hoje, tenho muitos amigos na religião, leio a bíblia de vez em quando, converso as vezes com eles, mas nunca serei de religião alguma, e já deixei isso bem claro.

Me convidam para reuniões, as vezes até vou, é raro, sempre me recebem de braços abertos, e com o tempo alguns se tornaram muito amigos, de frequentar em casa, e vice versa, para fazermos churrasco, e tomarmos cervejas, e nessas horas nada de religião, é só encontro de amigos.

Nos momentos de dificuldade, foram eles que me ajudaram, ninguém mais, quando outros amigos me fecharam portas, eles a abriram. Não julgam , consideram isso um direito do criador, são muito respeitosos , sempre, humanos (cometem erros), não se acham superiores como algumas pessoas imaginam, ao contrário, são humildes.

Não recolhem dízimos, consideram uma lei antiga, abolida pelo novo testamento, e vivem das próprias contribuições, há pessoas de todas as classes, e algumas são muito ricas, grandes empresários ou artistas, a exemplo do Prince, e todos se ajudam constantemente. Não pegam em armas, e em caso de guerra, preferem a prisão ou até a pena capital. Já visitei "Betel", (na Rod.Castelo Branco), onde é a central, a gráfica e etc...e é extremamente organizado e limpo, reinando a ordem e a paz.

No início a minha família torceu o nariz, pensaram que poderia ser o fim de um casamento, mas se esqueceram que sou esclarecido, que respeito as diferenças do fundo do coração, que esses anos de estudo e trabalho também me abriram a mente, e que alguns corações não tem fundo, e felizmente o meu é um deles.

Aragón Guerrero
Enviado por Aragón Guerrero em 06/07/2016
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