Ela sente muito

Ela sente muito. Sente, muito. Aos excessos, aos milhares repentinos. É um caminho em extensão, o cálculo das ações nunca lhe pareceu atraente. Quando escuta algo, o percurso parece ser direto para a sua alma, que responde. Dói. E, nesse momento, não há palavra que cure, seus olhos tornam-se lágrimas. E o verde, que por vezes passa despercebido, adquire tonalidade forte, como as folhas que ainda estão longe de cair e deixar a raiz. Basta uma frase para que ela se desmonte inteira e são esses tantos pedaços que fazem com que seja tão impulsiva. E sabem os mais fracos, os amantes compulsivos, que sentir, se não vira rima, é apenas dor sem poesia.

Fernanda Marinho Antunes
Enviado por Fernanda Marinho Antunes em 07/07/2016
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