Saudades da roça

Aquela casinha de palha, ainda traz na lembrança o tempo de criança. Por entre as frestas a vida passava em completo desalinho, o gado mugia tranquilamente, enquanto a criançada brincava sob o lampião no terreiro, de pião, finca, pula corda, dentre outras. Reuníamos todos para contar histórias de assombração, adorávamos, mas na hora de dormir era aquele problema.

Naquela época, levantávamos cedinho para aproveitar o dia, descíamos até o córrego para brincarmos e ali ficávamos até cansar, voltando para o almoço ou lanche. Andávamos a cavalo a tarde inteira. Sempre achei uma delícia o amanhecer na fazenda, era uma algazarra de pássaros, o gado reunido no curral e sempre estávamos lá tomando leite, a vida corria devagar e a felicidade era plena.

Lágrimas descem quando me lembro do fogão a lenha, do queijo assado na chapa, do milho na brasa, da mamãe fazendo aquele delicioso queijo toda manhã, daquela vida deliciosa que só a infância sabe guardar na memória e das conversas animadas com a peãozada durante e após a janta.

No velho radinho, estávamos sempre ouvindo uma boa música sertaneja, foi ali que comecei a gostar de escrever. Pegava um velho caderno e sumia pela fazenda escrevendo poesias, pena que hoje não os tenho mais. E com o passar do tempo, de repente tudo acabou e voltamos para a cidade. Aqui, não senti mais à relva molhada do amanhecer da roça, não mais ouvi o mugido do gado sendo levado ao curral. Verduras, legumes e frutas eram colhidos praticamente na hora de comê-los. Assim era a vida na fazenda e hoje precisamos comprar o que antes tínhamos de fartura.

Talvez, um dia eu consiga descrever em palavras o que trago no meu coração tudo aquilo que fiz da minha infância maravilhosa, seja na roça ou na cidade, fui feliz.

Goianésia, 09 de julho de 2016.

Aureliano Peixoto
Enviado por Aureliano Peixoto em 11/07/2016
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