Padre Gregório um grande educador e amigo

Quem estudou na década de 70 até praticamente o final de 80 no Colégio Macedo Soares, em Volta Redonda, deve estar lembrado da figura do Padre Gregório Valencia Ruiz, um padre espanhol, que foi por muitos anos diretor da escola.

Membro da ordem dos Escolápios, Padre Gregório, chegou a Volta Redonda para substituir a ordem dos Agostinianos que deixava o colégio. Curioso nesta passagem é que a maioria dos frades que eram da ordem a deixaram para casar, mas isso é outra conversa.

Com seu portunhol Gregório conseguia conquistar cada dia mais jovens. Apesar da sua idade já um pouco avançada deu uma grande força ao movimento jovem católico que havia começado no colégio Rosário, mas que precisava de um “abrigo” no Macedo.

Foi também responsável pela volta do grêmio, a qual deu o nome de Grêmio Estudantil Calazans, em homenagem ao fundador da sua ordem religiosa e da mudança radical realizada na fanfarra. Era um idealizador e um homem cheio de idéias para o futuro. Uma delas foi trazer, naquela época, um laboratório de idiomas para a cidade.

Junto com os padres Pedro (tesoureiro) e Jesus (secretario) deram uma grande revolucionada na educação não só do Macedo, mas dos demais colégios da cidade que se viram obrigados a segui-los.

Muitos dos que são homens e mulheres com famílias formadas hoje devem isso a eles.

Gregório parecia ser meio grosso ao falar, mas quem o conhecia a fundo, como tive este prazer, sabia que no seu peito batia um coração altamente generoso. Sempre andando com suas sandálias franciscanas, meia, calça e camisa de manga comprida, ele contava que não se lembrava de ter usado outro tipo de roupa em sua vida.

Em sua sala, lembro, havia uma placa com os seguintes dizeres: “Se você não tem o que fazer, não o faça aqui”. Ele era assim direto, mas sem deixar seu lado humano.

Foi conselheiro, amigo, educador de muitos jovens e adolescentes. Lembro-me do dia que ele descobriu que muitos de seus alunos haviam faltado a aula para irem fazer provas para uma bolsa de estudos em um curso do Rio. Ele simplesmente chegou para mim e para um grupo de colegas, no outro dia, e disse: “Se é a vontade de vocês, vão com Deus”. Não brigou, não reclamou, apenas abençoou, como um pai abençoa um filho.

Eu saí do Macedo, outros da minha turma também foram embora para outros colégios e há anos atrás fiquei sabendo de seu falecimento na sua amada Espanha.

Deve ter morrido feliz porque sabia que cumpriu seu papel aqui na terra, deixou uma história para ser contada em Volta Redonda e continua vivo na memória de muitos!

Fernando de Barros
Enviado por Fernando de Barros em 19/07/2007
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