Moça, deixa ele ser gentil!

Ao observar a evolução do tempo e as conquistas históricas, qualquer mulher se sente orgulhosa do presente, e esperançosa quanto ao futuro. A mulher tem voz, tem direitos, faz o que bem entender... Há liberdade para escolher. E, mesmo com tanta liberdade, ainda há muito à ser conquistado, muitas barreiras culturais e paradigmas à serem devidamente quebrados. Nos descobrimos seres fortes, independentes, hábeis e capazes de fazer qualquer coisa... "We can do it!", querido! E então, nos tornamos inatingíveis, duras e grossas como casca de aroeira. Mas até que ponto isso é bom? Até que ponto é saudável levar toda essa dureza para os relacionamentos?

Sabe, eu concordo que há muito homem manipulador por aí, mas nem toda gentileza é, na verdade, uma manipulação machista disfarçada, nem uma auto-afirmação pra dizer quem é que manda, uma forma de te diminuir ou o elogio, uma forma de te depreciar. Algumas coisas, são não apenas o que restou da boa educação, mas uma forma que o homem encontra de fazer a mulher se sentir valorizada, cuidada, de diminuir o nosso esforço, que já é excessivo o tempo todo... E ser cuidada, de nada tem a ver com uma coleira, que te obriga à fazer o que ele quiser, como se fosse o seu dono. Uma coisa é relacionamento abusivo, e outra, é a mulher estar tão fechada e tão cheia de escudos, que não sabe reagir à uma gentileza ou à um cuidado masculino.

Moça, eu sei que é frio dentro desse calabouço de paredes invisíveis que você mesma construiu e se trancou. Eu sei que é solitário, e também sei que você chora debaixo do chuveiro... Solidão exacerbada dói. Você pode me jurar que não, mas não me convence. Todo mundo precisa de um carinho de vez em quando... Por mais dura que seja a casca, há muita fragilidade por dentro. Por mais que a gente grite "WE CAN DO IT!", a gente precisa que alguém abra a porta do restaurante de vez em quando. Por mais que a gente saiba muito bem que é capaz de tudo, é bom quando ele segura o guarda-chuva ou abre a porta do carro na ida e na volta. Nem sempre a gente precisa gritar mais alto. Nem sempre ter razão é mais valioso do que estar em paz com alguém que bota fé na gente. Nem sempre ser a "Rainha do Gelo" é algo saudável e aconselhável. Nem sempre é bom ter tantas armas para se defender... Um acidente pode acontecer, e você acabar matando o amor da vida, aquele que te salva não do mundo lá fora, mas de você, porque te faz ver coisas novas. E vai por mim, o amor da vida é pra todo mundo SIM! O que você ganha com tantos muros? Amor próprio? Amor próprio em excesso, pode acabar matando a gente de narcisismo, viu?

Então, moça, deixa ele ser gentil! Deixa ele ser até um gentleman, se ele quiser! Se permita ser cuidada, amada e valorizada. Ou você prefere aquele tipo nojento de "cara de balada", que já chega te passando a mão, puxando teu cabelo e te chamando de gostosa, doido pra usar e abusar de você e te esquecer na manhã seguinte? Se você disser que sim, eu respeito, a escolha é sua. Mas tente estar com alguém que respeita você, seus princípios e a sua família. Este sim, é um homem de verdade, que vem pra somar na sua vida. Deixa ele ser esse cara singular pra você. Pare de escutar toda sorte de gente descabida em falas absurdas, que te faz crer que você é difícil de ser amada! À estas pessoas, você não deve dar ouvidos jamais. Não vou esconder, também, que baixar a guarda pode te render um futuro coração partido... Mas é apenas uma hipótese, e não uma certeza. e caso o seu coração se parta, não vai ser o fim, e algum aprendizado você vai conseguir tirar, nem que seja "quem sete vezes cai, levanta oito" ou qualquer coisa sobre coração regenerável e uma fênix. "É de se entregar, o viver", moça.

Com tantos escudos, ninguém consegue ver o quão linda você é por d dentro. Com essa pintura de guerra, mal dá pra ver a cor dos seus olhos, o tom da sua pele, e a cor das suas bochechas se você se atrever à se acanhar com algo. Numa torre tão alta assim, você não é capaz de ver que dia lindo faz lá fora. Com tantas travas, trancas, dragões, fossos lotados de crocodilos e armadilhas pelos corredores, é impossível chegar até você e te salvar desse lugar frio e solitário, onde você, por conta própria, entrou. Eu sei que nem tudo são flores, que a vida ainda é difícil, mas ainda é possível relaxar. Nem todo mundo vai (querer) te ferir, te diminuir, te manipular ou te trair. Então vá, dê uma chance, aposte uma ficha: deixa ele ser gentil!

Débora Cervelatti Oliveira
Enviado por Débora Cervelatti Oliveira em 29/07/2016
Código do texto: T5713059
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