GRUPO DE GESTOS.

GRUPO DE GESTOS.

Sábado de manhã, são nove horas em ponto, eu e minha filha acabamos de chegar na igreja -- a igreja que frequentamos fica bem perto da minha casa, um quarteirão mais ou menos -- algumas crianças já estão apostas no portão da igreja, as duas moças responsáveis pelos ensaios das crianças ainda não chegaram.

Na minha igreja foi criado um grupo de gestos, feitos inteiramente por crianças com idades entre cinco a dez anos, as duas moças que são as responsáveis pelos ensaios fazem parte da mocidade da igreja, o trabalho delas com as crianças é intenso e exaustivo, exige dedicação paciência e conhecimento, o grupo é composto por umas dez crianças, graciosas crianças que amam o grupo de gestos, apesar das dificuldades em alguns dos gestos, elas se dedicam e se esforçam ao máximo.

Para aqueles que não conhecem e não estão a par do assunto mencionado nesta crônica, darei uma breve explicação, aos amigos leitores que provavelmente nunca viram uma apresentação de gestos feitas por crianças, vocês terão uma noção do que venha a ser.

Um grupo de gestos é formado por várias meninas, que são ensaiadas por uma ou duas jovens, que são as responsáveis por elaborarem e criarem os gestos referentes ao hino que vai ser acompanhado, os gestos são movimentos semelhantes aos de balé, elas ensaiam e organizam o grupo de meninas, os movimentos são adequados ao ritmo da música e ao tempo dela, existem grupo de gestos de adolescentes e adultos também, mas o que estou mencionado são exclusivamente de crianças, sendo assim, vocês podem imaginar o grau de dificuldade das responsáveis em ensaiar essas adoráveis crianças, tendo as vezes pouco tempo para deixar tudo perfeito e sincronizado para o dia da apresentação.

Minha filha é a integrante mais nova do grupo, imaginem a dificuldade dela em se ajustar e se adequar ao grupo, é uma graça vê-la ensaiar, seus movimentos muitas das vezes errado, contrário aos das outras meninas, vejo na face angelical da minha filha a expressão de concentração, o medo de errar, há momentos em que ela se quer pisca, nem ao menos esboça um tímido sorriso, o medo de errar e a sua vontade de acertar os gestos a deixa tensa, e engraçado, angustiante, ao mesmo tempo é estranho também. O meu lado de pai me faz ter vontade de interromper o ensaio, pegar em sua mãozinhas e mostrar-lhe como se faz os gestos propostos, mas é preciso deixa-la errar e errar, até que ela aprenda por si mesma. Na vida é mesmo assim, precisamos descobrir o jeito certo de fazer as coisas, as vezes erramos, nos entristecemos, mas é errando que aprendemos a acertar, eu então fico imaginando Deus, nosso pai eterno nos olhando lá de cima do seu trono majestoso, e assim como eu ao observar minha filha errando os gestos no ensaio, da mesma maneira imagino Deus, desejoso em interferir nas nossas atitudes erradas, a fim de nos corrigir ao gesto certo da vida, mas em muitas das vezes é preciso permitir o erro, somente assim é que descobriremos o modo certo de fazer as coisas certas, enxergando o erro, o nosso erro, nos permite corrigir o caminho para não errar mais, e nos faz melhores e maiores, mas não é uma tarefa simples e fácil, Deus tem nos dado os seus servos, eles estão na responsabilidade de nos conduzir ao acerto, ao caminho verdadeiro, eu intendo que as vezes queremos tomar atitudes próprias, sem o consentimento de ninguém, mas acreditem, vai ser pior a desobediência.

O ensaio seguiu o seu curso normal, gestos elegantes, movimentos precisos, entre acertos e erros, idas e vindas, as crianças começavam a esboçar o que seria a apresentação, a minha filha por ser a menor delas ficaria na frente, as demais ficariam em pares, ladeadas uma das outras, e desse modo, se daria toda a apresentação, o hino escolhido pela regente de gestos é belíssimo, inspirador, nos faz meditar, aquele pequeno grupo de gestos, me fez perceber uma grande verdade. Nossas vidas é como um teatro de gestos, devemos fazer o que o criador determinou, da maneira correta, somente assim nossa apresentação no palco da vida será bem sucedida, teremos aplausos e reconhecimento, mas não é algo assim tão fácil, requer esforço e a dedicação de cada um de nós.

Tiago Pena
Enviado por Tiago Pena em 30/07/2016
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