Fome

Sim! Eu tive fome de ti essa manhã.

Como em tantas outras manhãs, nem mais e nem menos apenas diferente, talvez por você estar ciente, por saber que o desejo me consumiria.

Fiquei ali vampiro das minhas vontades a te olhar encantada deitando-se, vestindo pele, pelos, cabelos. Cheirando você, simples assim, um perfume excitante que nem Guerlan, nem toda Paris, conseguiu conceber.

E ambientado nesse seu cheiro doce meus olhos buscam uma imagem, minhas mãos buscam formas, meu ouvidos seu sussurro e suas palavras mais inocentemente exóticas e, segundos a mais, eróticas. É assim delicioso o arrepio quando me tocam seus mamilos, quando isso tudo é, antes de ser toque, essência. Sim! essa minha fome é sem noção, sem respeito, é tesão que as vezes se desespera, e explora seu íntimo com os dedos, língua, gosto, com força e jeito. Tateando seus lábios com as pontas dos dedos descubro a dimensão exata da sua boca, feito cego, e essa sua boca consegue milagres, me levanta, me explora os absurdos e a vastidão, me põe em outra galáxia.

Também minha boca tateia sei corpo, degusta, mistura cheiros e gostos, fluidos e toques, e toda essa correnteza leva boca na boca, línguas que dançam, que se desafiam, doidas, quentes.

Sim! Minha fome foi sem pudor, fome de comer, de se entrelaçar, de entrar em você até o limite, entre o bruto e o extremamente delicado, trocar olhares intensos de fome, de desejo, olhares que fulminam que fazem amolecer o corpo.

Desejo de te ver sentada em mim, de frente, de costas, sentindo minhas mãos domarem seu corpo te segurando pelos cabelos, te falando absurdos e verdades contundentes nos ouvidos. Te ouvir soltando o verbo, deixando de ser a menininha e mostrando outra das suas mil faces, a da mulher aguda, sedenta, que goza e faz gozar.

Sim minha fome de você me deu o gozo, o mais gostoso que se pode sentir, o gozo real que sai da alma e que lambuza o corpo pra te lembrar que está vivo.