" No understand"

A criança já estava com quatro anos e não falava, e quando os seus pais se dirigiam a ele, olhava com ares de interrogação, às vezes usava um linguajar indecifrável, como se fosse outra língua, então os seus pais ficaram muito preocupados, sem entender .

O levaram a um médico em Londres , o Dr Charles ,que poderia examiná-lo melhor, um "otorrino" conceituado, até Ringo Star já havia sido o seu cliente há anos , diziam, mas ninguém nunca o vira por ali.

- "Doctor, my son don't speak english !"

Como ? A senhora quer me dizer que ele não fala, é isso ?

-" I don't know ! " .

- Fala uma língua estranha, que ninguém entende, parece um idioma de outro planeta.

O doutor já curioso e calejado, foi lhe dizendo frases em francês, em espanhol, em alemão...e nada, nadica de nada . Tentou um italiano , e nada...russo , menos ainda, a criança até chorou, teve que parar.

Curioso, pensou ...uma criança nascida na Inglaterra, de pais ingleses, e não aprendeu a sua língua , que é um código genético, aprende-se no ventre , como pode ? Nunca peguei um caso tão enigmático quanto este .

Já quase desistindo, ouviu-se ao longe num toca disco qualquer, um samba , e o garoto sorriu, entendera a música, o idioma do cantor, falou algumas palavras da letra em reconhecimento, e todos ficaram pasmos, ele falava português...

.

Claro que isto é uma brincadeira, mas com um fundinho de crítica, para dizer que desprezamos a nossa língua em troca de outra, que não é a nossa, de forma desproporcional.

Nas empresas multinacionais impera o inglês de forma "desavergonhada", pois não se limitam ao trabalho apenas, fazendo muitas vezes parte da roda de café, e até das piadas , se a pessoa não entende, olham com desprezo.

Uma vez me deram o procedimento todo em inglês, e sei que por lei, isto é proibido, e reclamei. Então o supervisor ,com desdém ,me disse;" Faça um curso intensivo . "

Sei um pouco de inglês, mas não o suficiente para entender leis e procedimentos plenamente, um código onde a menor dúvida pode resultar em desastre.

Me refiro ao exagero desenfreado, mesmo sendo o idioma das importações, (e fiz muitas na vida), que é preciso haver uma dosagem equilibrada, sem perder a nacionalidade, a hegemonia do português, e colocando claramente a quem vem de fora, também os nossos limites.

Vamos aprender inglês, é muito legal , importantíssimo, mas sem substituir o nosso maravilhoso idioma.

Aragón Guerrero
Enviado por Aragón Guerrero em 04/08/2016
Código do texto: T5718510
Classificação de conteúdo: seguro