A escola dos meus sonhos

Não quero vencer na vida. Vencer não é comigo, não nasci para isso. Não quero ser melhor que ninguém. Não quero competir, ser classificado, aprovado, louvado. Não me interesso por medalhas, prêmios, troféus, certificados na parede. Não quero nada disso. Quero é viver... experimentar... aprender... ler... escrever... criar... amar... E se ninguém ficar sabendo, foda-se. Não vou levar nada dessa vida, nem quero deixar nada, a não ser alguns escritos sobre o que eu vivi e boas memórias... Só isso. Não preciso de mais nada. Não quero ser o mais inteligente, o mais bonito, o mais rico, o mais competente, o mais produtivo. Estar entre os 'Dez mais'? Sair na coluna 'Gente que é gente'? Que besteira! Todo mundo é gente e vai morrer, apodrecer embaixo da terra, ser esquecido e pronto. Para que essa babaquice? Perda de tempo, de energia, de vida. O cemitério tá cheio de ex-'gente que é gente', ex-'dez mais'...

O que eu quero é ser eu mesmo, fazer o que eu gosto, estar contente com a vida, em harmonia com os outros. E como professor, que meus alunos se descubram, sejam críticos, reflitam sobre os condicionamentos impostos pela sociedade, sobre as verdades criadas pelo sistema para formar bandos amorfos de robôs consumistas, programados para trabalhar cada vez mais, ganhar cada vez mais dinheiro (o que, para essa sociedade, significa vencer) e consumir, comprar, COMPRAR! Não quero que vençam desse jeito, que sejam simples marionetes... Quero vê-los soltos, vivos, amando, gozando a vida... E, para isso, não é preciso muito...

Estou aqui assistindo a um documentário sobre um artista de rua chamado Eduardo Marinho. Ele também não quer vencer... Suas ideias batem muito com as minhas, que vieram, em grande parte, da obra do escritor anarquista Roberto Freire, falecido em 2008... Nenhuma novidade. Mas é tão bom ouvir os do contra, os marginais, os malditos... Estou sempre lendo seus textos, assistindo a seus vídeos, escrevendo sobre eles, discutindo suas ideias... Eles têm vida. Irradiam liberdade, alegria, amor, esperança num mundo melhor, mais humano, mais solidário...

Para mim, a escola ideal não é a que forma vencedores para o sistema. Meu olhar sobre a educação é outro. Para mim, a melhor escola é a que proporciona às crianças e aos adolescentes um ambiente propício ao autoconhecimento, ao prazer, de forma que eles aprendam sobre a vida se conhecendo e se divertindo, e no final descubram o que realmente gostam, o que realmente querem da vida, o que lhes dá alegria... Essa é a escola dos meus sonhos...

Flávio Marcus da Silva
Enviado por Flávio Marcus da Silva em 04/08/2016
Código do texto: T5718956
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