Atos Heroicos
 
Se uma pessoa, de qualquer sexo, permanecer parada por 15 segundos à margem do Canal do Mangue aqui na minha cidade, e ao fim dos 15 segundos se atirar naquela sopa de merda para salvar a vida do que quer que seja >gente humana ou animal não humano< eu rotularia essa pessoa de herói. Se a pessoa se atirar naquela sopa de merda em menos de 15 segundos para retirar alguém de lá não será por heroísmo. Há opções, entrar ou não entrar na merda. O herói saltou sabendo que iria beber caldo de merda, arriscou a vida para salvar outra vida. Talvez ambos morram mais tarde por infecções diversas, mas o herói saltaria tantas vezes quanto necessária para salvar vidas. Mas quem entra na merda sem pensar age por impulso e mais tarde se arrepende.
 
A indústria de heróis tem outra visão da coisa heroica. Defendeu o pênalti, é herói. Venceu a luta, é herói. Ajudou no parto da criança no meio da rua, é herói. Não aceitou propina, é herói. Convocou a imprensa para testemunhar o resgate do cachorrinho na lagoa, é herói e futuro vereador.
 
A massa adora heróis e a indústria pasteuriza heróis pelo menos três vezes na semana para consumo imediato.
 
Um ato de extrema burrice pode conter heroísmo necessário, e a necessidade de consumar o ato elimina a burrice do fato. A necessidade de sobreviver honestamente impõem até riscos a própria vida e a vida de outras pessoas. E por trás desse ato heroico há o vilão que tira covarde e hediondo proveito da necessidade de sobreviver honestamente dos desafortunados.
 
Meus heróis anônimos desse período olímpico na cidade do Rio de Janeiro são dois, mas é claro que existem centenas desses por esse Brasil mãe gentil sendo explorados por vilões hediondos que poderiam lhes fornecer equipamentos seguros, do tipo andaimes elevadores.
 
Yamãnu_1
Enviado por Yamãnu_1 em 17/08/2016
Reeditado em 17/08/2016
Código do texto: T5731110
Classificação de conteúdo: seguro