O DROGADO

Eu tenho uma princesa, ás vezes ela vem visitar o meu pequeno reinado, e rever seus irmãos e sua família.

Eu sei que ela sente falta da sua terra, do lugar onde nasceu, se criou e se formou.

Toda vez que ela vem, algo de diferente acontece em nossas vidas. Garanto sempre para melhor.

Ontem ela dormiu em casa, conversamos, e relembramos fatos passados, marcamos que hoje dia 9.11 iríamos tomar um chope e reunirmos com a família.

Fomos para comer pizza, mas o Peperone estava fechado, então resolvemos ir ao Fritz. Chegamos praticamente juntos, eu, a Aline, a Karol minha enteada e a minha princesa.

Sentamos, logo chegou meu filho Andre, a Carol minha nora, e meus netos Gustavo e Ricardo.

Alguns minutos depois Daniel e sua noiva Camila, noivos e ansiosos pelo casamento que provavelmente vai se realizar no ano que vem.

A alegria que se manifesta neste encontro é algo difícil de ser descrito, muitos risos, muitas histórias, e as vezes alguns exageros.

Já havíamos tomando talvez um pouco mais da conta, estávamos felizes, transbordado de carinho e amor, quando de repente um pedinte se aproximou da mesa.

Estava limpo, e falou com clareza em um português perfeito.

--- boa noite. Posso pedir uma ajuda.

Eu estava sentado no meio da três mesas. Eu o reconheci no primeiro momento, e fiquei olhando em seus olhos. Ele, no primeiro momento ficou por alguns instantes quieto, como se remoesse em suas memórias algum fato do seu passado.

Finalmente em um lampejo de lucidez, falou claro como uma luz que se acendesse na escuridão da noite.

--- doutor CLAITON. - Levantei-me imediatamente da mesa, e diante dos olhares perplexos do meu filho, da minha enteada e da minha esposa, eu fui ao seu encontro e o abracei fortemente.

--- caramba, você esta bem. disse eu, abraçando-o fortemente. Meus olhos se encheram de lágrimas e os dele também.

--- quanto tempo doutor. --DEPOIS completou. --- MEU vereador.

Na verdade eu o havia conhecido há oito anos atrás. Ele era um garçom de um bar que eu frequentava no final de tarde após o trabalho, quando eu ia tomar o meu drinque ante de ir para casa após o exaustivo trabalho do dia a dia.

Porém, acabou se viciando em cocaína, depois craque e finalmente perdeu a família e o trabalho neste maldito vício das drogas.

O havia encontrado um ou dois anos depois de que a droga consumia o seu corpo, e lastimei o estado deplorável em que se encontrava.

Como amigo eu lhe pedi.

---- Largue esse vício, pois senão você vai perder a vida.

Os anos se passaram. Eu mudei de cidade, me separei, casei, e agora vivo um momento diferente da minha vida.

E quem eu encontro, ainda mendigando, porém agora sem o uso das drogas. O meu amigo, o garçom que me fazia rir com suas piadas, que se vangloriava com as vitórias do SÃO PAULO, time para quem eu torço.

Lá estava ele na minha frente. Puxei-o pelo braço, diante dos olhares atônitos dos meus filhos e o encaminhei em direção ao meu carro.

--- como você está. ? - perguntei, sorrindo.

--- bem... ou melhor, um pouco melhor do que antes, larguei as drogas, mas ainda não consegui largar totalmente a bebida. Moro em um quarto aqui próximo a delegacia na JK, mas estou muito melhor que antes.

Procurei a minha carteira, Retirei uma nota de cincoenta e lhe dei.

--- Meu presente de NATAL.

Ele abriu um enorme sorriso.

--- doutor... metade do meu aluguel.

Eu também sorri, o abracei novamente e ele partiu.

Para ele foi a metade do aluguel, para mim um enorme felicidade de ver que ele tinha deixado as drogas.

Ainda haveria tempo para uma nova jornada. A VIDA muda a cada instante, a cada minuto.

CONTO HISTÓRIAS, as vezes as pessoas não acreditam, desta vez os meus filhos são testemunhas do fato narrado.

GRANDE ABRAÇO AMIGO, você ainda tem chance, lute, corra atrás de sua vida, não deixa ela se perder no tempo e no espaço. LUTE, é assim que vale a pena viver a vida.

Ton Bralca
Enviado por Ton Bralca em 25/08/2016
Reeditado em 05/11/2016
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