CRI/AÇÃO
                 [Nada se cria, tudo se repete...]
 
 
Acordou cedo, olhou a desordem da sala, começou a faxina. Aspirou o sofá, a cortina, o tapete. Lavou vidros da janela e porta, lustrou os móveis, limpou o chão. E viu que isso era bom. Sobreveio a tarde, depois a manhã. Foi o primeiro dia.

Acordou cedo, olhou a bagunça do quarto, começou a faxina. Aspirou o colchão, lustrou os móveis, limpou a janela, lavou o lustre, esfregou o chão. E viu que isso era bom. Sobreveio a tarde, depois a manhã. Foi o segundo dia.

Acordou cedo, olhou o caos da sala de jantar, começou a faxina. Tirou o pó, encerou os móveis, sacudiu as toalhas, lustrou o chão. E viu que  isso era bom. Sobreveio a tarde, depois a manhã. Foi o terceiro dia.

Acordou cedo, olhou a sujeira do banheiro, começou a faxina. Lavou os azulejos, esfregou o vidro da janela, lustrou os metais, limpou os sanitários, trocou as toalhas, retirou o lixo. E viu que isso era bom. Sobreveio a tarde, depois a manhã. Foi o quarto dia.

Acordou cedo, olhou o terremoto na cozinha. Limpou o óleo do fogão  [imundo pelas coxinhas da véspera]. Vasculhou os armários, organizou a louça, lustrou as bancadas, lavou as cadeiras, trocou panos de prato, reluziu os metais, limpou as janelas. E  viu que isso era bom. Sobreveio a tarde, depois a manhã. Foi o quinto dia.

Acordou cedo, olhou o furacão que atingiu as varandas. Jogou água, enxotou a poeira , esfregou e secou o chão. E viu  que isso era bom. Sobreveio a tarde, depois a manhã. Foi o sexto dia.


Acordou cedo, cansada pra caramba, deu um giro pela casa e viu que era hora de começar do primeiro dia, tudo de novo. Mas não teve o menor ânimo. Resolveu descansar. E viu que isso  era  extremamente bom, aliás, excelente! Foi o sétimo dia.