OLHOS NOS OLHOS

Não vou falar aqui sobre idade. Classe social. Tipologia corporal. Opções sexuais. Conhecimento ou mesmo sabedoria, vou falar de amor, paixão. Falarei de relacionamentos. Isso mesmo, relacionamentos. Homem e mulher. Mulher e homem. Mulher e mulher. Homem e homem. Ou mesmo homem, homem e mulher. Mulher, mulher e homem. Homem, homem e homem. Mulher, mulher e mulher. Relacionamentos entre pessoas que se atraem. Sofrimentos, conceitos e preconceitos. Relacionamentos certos e ou errados. Calmos e cheios de tempestades. Simplesmente relacionamentos.

Semana passada, assiste a um filme chamado “Esposa de mentirinha” – uma comédia romântica com Adam Sandler, Jennifer Aniston, Brooklyn Decker, Palmer Dodge e Nicole Kidman – um grande elenco. “Em Esposa de Mentirinha, um cirurgião plástico de caso com uma professora bem mais jovem pede à sua leal assistente que finja ser a esposa de quem ele está se divorciando para encobrir uma mentirinha casual. Após mais mentiras que saem pela culatra, os filhos da sua assistente também acabam envolvidos, e todo o grupo parte para um fim de semana no Havaí que mudará as vidas de todos eles”. Filme divertido. Neste filme, tem um cena em que os atores Adam Sandler e Jennifer Aniston, precisam dizer o veem um no outro. É interessante porque não sabem o quanto se amam e isso só é percebido após a brincadeira. Admiram-se, comovem-se ao perceberem que se amam. Achei a cena super legal. Interessante mesmo. Até aí tudo bem.

Quando um homem mais velho se apaixona e se casa com uma mulher mais jovem, normal, a crítica é pequena. Quando um homem casado tem uma amante, a culpa é sempre da esposa que não dá assistência na cama. Quando um homem gordo namora (pega) uma mulher magra, ninguém repara. Agora vamos inverter: uma mulher mais velha com um homem mais jovem, velha assanhada; mulher casada com amante, é uma puta. Mulher gorda com um homem magro, aí o bicho pega. “Como é que esse cara tem coragem de ficar com essa gorda.”

Vamos aos fatos: semana passada conheci uma mulher bem mais velha do que eu, “duas décadas” foi o que ela me disse. Duas décadas de diferença. Para mim não era o mais importante; era gordinha, casada. E agora? Ela tinha tudo o que a sociedade condena. Quando nos conhecemos foi um acaso. Dessas surpresas que a vida nos prepara. Tenho trinta e três anos, me chamo Miguel, sou casado com uma mulher bonita, mas não sou um homem realizado no meu matrimônio. Regina é casada, mais velha e adora a vida. Uma mulher divertida, sonhadora e acima de tudo muito, mas muito gostosa.

A noite, após o jantar, fomos a um lugar fora do hotel, estávamos em umas dez pessoas. A ideia era que iríamos beber um pouco e depois voltaríamos para os nossos quartos e pela manhã cada um seguiria o seu destino. Tudo bem, ao menos até aí.

Regina de vez em quando me olhava, a forma como o fazia, incomodava. Entrei no jogo. Estava curtindo e queria ver no que ia dar. Queria saber se ela teria coragem de jogar. Ela jogava melhor do que eu. Sabia exatamente o queria e como queria. Acompanhei Regina até o quarto dela. Sabe o que ela fez? Pediu para que eu ficasse. Eu fiquei. Sim eu fiquei com uma mulher mais velha, gordinha, casada e charmosa. Depois?

Fui embora. A abandonei. Exatamente, eu a abandonei sem dar uma única satisfação a ela. Não disse nada. Um elogio, um adeus ou mesmo um beijo. Simplesmente fui embora.

Duas semanas depois, recebi uma mensagem dela. Mensagem sedutora. Ela era o máximo. Trocamos mensagem e marcamos um encontro dois meses após a nossa primeira vez. Eu estava com medo. Ela me disse que estava apavorada.

Nos encontramos às nove da noite. Que saudades! Tudo deu certo. Ela estava diferente, eu também. Fizemos sexo. Conversamos e mais uma vez agi como covarde. Fui embora sem dizer nada, não me despedi, não lhe dei um beijo. Simplesmente fui embora. Agora? Agora...

Fátima da Silva
Enviado por Fátima da Silva em 17/09/2016
Reeditado em 29/09/2017
Código do texto: T5764295
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